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Chevrolet Equinox Premier 2.0 Turbo traz projeto moderno, mas suspensão barulhenta deixa dúvidas

Reparadores independentes avaliaram positivamente reparabilidade e conjunto mecânico do utilitário esportivo da Chevrolet mais vendido no mundo. Suspensão considerada frágil para um 4x4 levantou suspeita quanto à resistência

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Por Antônio Edson


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Prestes a fechar o quarto ano seguido como a campeã de vendas no Brasil, a Chevrolet mostra-se disposta a investir para consolidar e ampliar a liderança. Este ano, a General Motors Corporation, GMC, proprietária da marca, aplicou R$ 10 bilhões nas fábricas da Chevrolet de São Caetano do Sul e São José dos Campos (SP), sem falar que toda a linha Onix, o carro mais vendido do País desde 2015, foi reformulada e passou por um downsizing, acenando que os rivais precisarão se esforçar um bocado se quiserem ameaçar sua invencibilidade.

Entre os SUVs, categoria atualmente mais lucrativa para as fábricas, a montadora da gravatinha dourada também arreganha os dentes para as concorrentes. O Jeep Compass reina absoluto no segmento dos utilitários esportivos médios, mas talvez seja a hora do Grupo Fiat Chrysler Automobiles, a FCA, detentora da marca Jeep, prestar atenção em um adversário que vem crescendo no retrovisor do líder: o Chevrolet Equinox Premier 2.0 Turbo.

Fabricado desde 2004, atualmente produzido em San Luís Potosi (México) e vendido em 114 países, o Equinox estreou no Brasil em 2017 para ocupar a vaga deixada pela Captiva, que parou de ser fabricada em setembro de 2018. Já em sua chegada ele foi o 15º no seu ranking de vendas; em 2018 pulou para 6º; este ano, até setembro, era o 4º colocado. Os números ainda são modestos em relação ao campeão Jeep Compass – 43.605, este ano, contra 3.599 – mas seu crescimento impressiona. Principalmente porque o utilitário esportivo da Chevrolet tem potencial e pedigree.

Trata-se do SUV mais vendido da marca em todo o mundo e vai bem no competitivo mercado norte-americano: no primeiro semestre deste ano foi o terceiro SUV mais vendido ali e o nono no ranking geral. Montado sobre a plataforma do novo Cruze, ele carrega o motor Ecotec Turbo SIDI 2.0 da versão de entrada do muscle car Camaro que gera 262 cavalos e um torque de 37 kgfm a 4.500 rpm, suficientes para elevá-lo ao posto de o mais potente da categoria.

Para saber se o produto da Chevrolet tem ou não condições técnicas de desafiar o líder Jeep Compass, o Mala Direta Oficina Brasil requisitou junto à montadora um modelo do Chevrolet Equinox Premier 2.0 Turbo AWD Automático e foi atendido. O veículo cedido, modelo 2019, contava com menos de 10 mil quilômetros rodados e estava cotado – o modelo zero quilômetro – a R$ R$ 165.601,00 de acordo com a Tabela Fipe de outubro.

Como sempre, o objetivo da reportagem foi o de submeter o veículo ao julgamento de uma junta especializada em reparação automotiva. No caso, as oficinas escolhidas foram a Interceptor Auto Reparadora, a AG Motors e a Injecar Auto Service, onde o Equinox foi examinado por...

Sílvio Pacheco Medeiros (foto 2). Instrutor de mecânica no Senai, graduado em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas onde depois fez pós-graduação em Gestão de Negócios, Sílvio Pacheco, 55 anos, somou conhecimentos teóricos à experiência prática para obter resultados concretos na reparação automotiva, meio no qual milita há 46 anos. Sua vivência profissional começou aos oito anos, acompanhando o pai no negócio familiar fundado em 1962 e que ele se esforçou por consolidar.

Em 2017, a Interceptor Auto Reparadora inaugurou uma nova oficina na Rua Mateo Forte 77, bairro da Água Branca – a matriz, na Lapa, fechou recentemente, para melhor concentrar os negócios na nova unidade – criando onze novos postos de trabalho. “Aqui temos quatro produtivos, três na área de funilaria e pintura, uma recepcionista, um assistente, um profissional na área de estética automotiva e uma senhora responsável pela alimentação”, descreve. Segundo o empreendedor ainda é possível crescer no segmento. “O mercado anda carente de oficinas capazes de suprir a demanda por uma reparação preventiva e esse é o nosso foco”, aponta.

Mário Mastandrea, Gláucio Marinho (ao centro) e Warley Oliveira Barral (foto 3). Todos os membros da equipe da AG Motors – rua Valdemar Martins, 953, no Parque Peruche –, inclusive os proprietários Gláucio e Edriel Marinho, têm uma experiência em comum: deram seus primeiros passos na reparação automotiva ainda jovens, incentivados por familiares. “A AG Motors foi fundada pelo meu falecido pai, Antenor Marinho, em 1967 e eu nasci em 1974.

Aprendemos tudo com ele e tratamos de nos aperfeiçoar. Recentemente, os irmãos abriram uma filial da oficina, no mesmo bairro, que se dedica exclusivamente ao reparo de câmbios automáticos. “O crescimento da oferta de veículos com esse recurso exige que as oficinas se capacitem nesse sentido”, justifica Gláucio.

Adilson Silva Oliveira, Marcos Antônio dos Santos, Diego Demberi Macheia e Matija Demberi Jr, (foto 4). Fundada há duas décadas e desde então no mesmo privilegiado ponto – Rua Arujá 46, bairro do Paraíso, em São Paulo (SP) –, a Injecar Auto Service caracteriza-se pelo incessante trabalho de seus 16 colaboradores e o movimento interminável de veículos que confirmam a alta procura da oficina.

Em meio aos 550 metros quadrados da Injecar, Adilson e sua companheira e sócia Alexsandra Demberi Oliveira controlam o andamento dos trabalhos e o atendimento aos clientes sem descuidar dos detalhes, ainda que o movimento mensal ali já supere as 200 ordens de serviço. “Gosto de acompanhar todo o trabalho pessoalmente”, admite Adilson, 51 anos e há 38 na profissão, que não deixa de incentivar seu pessoal a participar de cursos e palestras de atualização, como o sobrinho Diego Demberi, 33 anos e que começou a trabalhar com o tio ainda adolescente. Também fazem parte da equipe o reparador Marcos Antônio, 39 anos, e o gerente de compras Matija Demberi, 44 anos.

PRIMEIRAS IMPRESSÕES

O Chevrolet Equinox que chegou ao Brasil é o de terceira geração. Isso vale dizer que ele ficou menor em relação ao modelo anterior, medindo 4.652 mm de comprimento contra 4.790 mm do outro. Já a distância entre-eixos ficou dois centímetros maior, 2.725 mm. Segundo a montadora, o ajuste se deu em razão do SUV ser agora montado sobre a plataforma D2XX do novo Cruze para ocupar uma posição intermediária entre os utilitários esportivos da marca: ser menor que a Trailblazer e maior que o Tracker, posição antes ocupada pela Captiva.

O Equinox divide mais semelhanças com o irmão Cruze, como seu visual sofisticado, nível de conforto e o revestimento do interior em textura emborrachada ou em couro de duas tonalidades (foto 5) sobre o painel, também aplicado sobre as portas (foto 6). A identidade particular do crossover fica expressa pelas grandes vigias laterais separadas por colunas C (foto 7) estilizadas e inclinadas, oriundas das suas gerações anteriores. Já as rodas de liga leve aro de 19 polegadas conferem um ar esportivo ao modelo.

“O exterior tem um design moderno e aerodinâmico com esse para-brisa inclinado. Por dentro, a posição de dirigir agrada e é bem ergonômica, facilitando o acesso a vários controles.

O grafismo do painel de leitura (foto 8) é funcional e bem feito. O espaço interno é melhor aproveitado com o piso do banco traseiro plano sem túnel central, coisa rara para um veículo 4x4 com eixo cardã, a saída para o ar-condicionado (foto 9) e o porta-malas de 468 litros com um fundo escamoteável (foto 10)”, descreve Sílvio Pacheco. “É fácil encontrar uma boa posição de dirigir através dos controles eletrônicos do banco (foto 11).

O teto solar panorâmico (foto 12) é show de bola. A empunhadura do volante multifuncional (foto 13) tem uma pegada esportiva”, completa Gláucio Marinho. “Sem ser tão grande quanto a Trailblazer, o Equinox parece ter tudo na medida certa, com mais conforto e recursos”, compara Adilson Oliveira.

AO VOLANTE

Sem rodeios, o comportamento dinâmico do Chevrolet Equinox confirma que o SUV é o mais potente da categoria. Aliado ao câmbio automático de nove velocidades, seu motor Ecotec Turbo SIDI 2.0 garante boas acelerações e retomadas de velocidade que fazem o crossover sair do lugar comum de sua categoria. Nas curvas, a suspensão independente nas quatro rodas dá ênfase à estabilidade apesar dos 1.695 mm de altura do carro.

Aliás, segurança é o que não falta ao Equinox, pois, segundo a montadora, ele dispõe de 110 itens voltados para uma dirigibilidade mais confortável e segura. Uma delas é o assento do motorista com um alerta tátil que vibra ao detectar a iminência de algum acidente – veja mais detalhes no tópico Elétrica, Eletrônica e Conectividade.

“O carro entrega o que promete. Ele poderia demonstrar mais potência? Certamente, mas não seria conveniente, pois ao meu ver ele tem uma excelente relação de consumo.

Se a montadora partisse para um motor de maior cilindrada os índices de consumo não seriam tão bons”, entende Silvio Pacheco, que identificou ruídos suspeitos na suspensão do Equinox. “Não considero normal para um veículo dessa categoria, portanto o comportamento da suspensão deixa a desejar, embora sua pouca maleabilidade seja uma característica dos utilitários esportivos que, na verdade, não são tecnicamente carros de passeio. O lado bom é que veículo é firme, estável e mostra pouco efeito rolling na carroceria, que não torce nas curvas”, julga.

“O Equinox é gostoso de dirigir, pois tem boa manobrabilidade no trânsito urbano e seu motor é esperto, assegura boas retomadas. Seus recursos eletrônicos de segurança também garantem uma dirigibilidade tranquila. Mas chamam um pouco atenção os ruídos vindos da suspensão.

De resto, é um carro firme”, confirma Gláucio Marinho. “Não me lembro de outro carro com tantos recursos de segurança. A visibilidade geral é excelente e ainda conta com alertas de ponto cego (foto 14). Por isso, apesar do tamanho um pouco avantajado é um carro fácil de manobrar no trânsito urbano. Dirigibilidade aprovada”, assegura Adilson Oliveira.

MOTOR

Utilitário esportivo mais potente da categoria entre os vendidos no País e com o mesmo motor da versão oferecida nos Estados Unidos, onde disputa a liderança do segmento. Tais credenciais antecipam que um dos trunfos do Chevrolet Equinox Premier 2.0 Turbo AWD Automático está sob seu capô: o propulsor Ecotec Turbo SIDI 2.0 (foto 15) que, não por acaso, também empurra a versão básica do coupé esportivo Camaro. São 262 cavalos e um torque de 37 kgfm a 4.500 rpm que, na verdade, se apresentam antes dos dois mil giros, capazes de levar o crossover da Chevrolet de zero a 100 km/h em 7,6 segundos e fazer o condutor esquecer da 1,7 tonelada do veículo.

A velocidade máxima é limitada eletronicamente em 210 km/h e, como cerca de 90% do pico de torque está disponível de 2.000 a 5.600 rpm, o modelo tem boas respostas nas mais diversas situações. Em que pesem potência, torque e a tração integral, o Equinox tem sede moderada: bebe 10,1 km/l e 8,4 km/l só de gasolina na estrada e na cidade, respectivamente, segundo o Inmetro.

Em outros tempos, um carro com tais porte e peso, ainda mais produzido ao gosto do norte-americano, não dispensaria um motor V6. Mas o american way of life não é mais aquele. “Esse propulsor não deixa nada a desejar em comparação a um V6 que, possivelmente, renderia uns 20 cavalos a mais que, no final das contas, se perderiam devido ao maior peso do motor. Seriam, por baixo, cem quilos a mais.

Todo de alumínio, esse propulsor é mais leve e moderno com corrente de comando e avanços de comando de admissão e escape que ajudam muito na potência e no torque, contribuindo para a economia e baixo índice de emissão de gases”, analisa Sílvio Pacheco, que destacou a aspiração por turbocompressor. “A turbina (foto 16) não é simplesmente controlada pelo volume de gás saindo do coletor de escape, pois ela tem um variador nas aletas e tudo é controlado por um módulo eletrônico, válvulas e solenoides”, explica. “Também ajuda no desempenho e na eficiência do conjunto o cabeçote acoplado ao coletor de escape”, completa Sílvio.

“É fabuloso como a tecnologia consegue extrair 262 cavalos de um motor relativamente pequeno. Há cinco anos isso seria impossível de acreditar”, reconhece Gláucio Marinho, que credita à busca incessante de uma maior eficiência energética essa realização. “A associação do turbo com o gerenciamento da injeção direta e a leveza do alumínio no bloco do motor são os responsáveis. Nós, reparadores, somos beneficiados por termos mais espaço para trabalhar no cofre e melhor acesso a algumas peças como o corpo de borboleta, bomba de alta pressão (foto 17), módulo do ABS, bobinas e velas. O ‘problema’ que ganhamos é acesso mais difícil aos bicos injetores que, obviamente, implica em uma mão de obra mais cara”, define. “Não teremos dificuldade para chegar ao módulo da injeção, coxim hidráulico (foto 18) ou deslocar o radiador (foto 19), pois ele tem suportes fáceis de soltar e bom acesso aos parafusos”, aponta Warley Oliveira.

“Como em todo motor com injeção direta teremos dificuldade para acessar os bicos injetores. O mais complicado é a retirada desse coletor e o processo de despressurização. Já para a retirada dos bicos é necessário um sacador especial”, identifica Adilson Oliveira, que aprovou os conectores com engates rápidos (foto 20) que “deixam a manutenção e os testes mais rápidos” e o coxim hidráulico do motor que transfere menos vibração para a carroceria.

TRANSMISSÃO

O propulsor Ecotec Turbo SIDI 2.0 é bem acompanhado pela transmissão automática de nove velocidades, que só não é melhor devido à ausência de paddle shifters ou borboletas atrás do volante para a opção manual. Isto porque a Chevrolet insiste em manter as trocas pelo Active Select, um sistema considerado pouco ergonômico pelos reparadores e que consiste em um botão sobre a manopla da alavanca de câmbio (foto 21).

Segundo o aferido no teste feito ao volante, o elevado número de relações mantém o motor em giro baixo quase em tempo integral, o que colabora para um menor consumo. As trocas suaves e precisas acontecem na casa dos dois mil giros no chamado padrão Clutch-to-Clutch, semelhante ao de um câmbio de dupla embreagem pela sua velocidade de resposta. Aliás, um dos pontos positivos da transmissão é que ela utiliza um novo conceito, o One Axis Design, na qual as marchas ficam em linha sobre o mesmo eixo para otimizar dimensões e, principalmente, massa.

Com tração integral nas quatro rodas, o Equinox adotou um estratagema, digamos, um tanto lusitano, com o perdão do povo irmão: o sistema AWD da GKN Driveline, que permite ao motorista desengatar o eixo de transmissão para reduzir o atrito e a inércia rotacional durante os períodos em que o AWD não é necessário.

Com ele, um aviso no painel avisa para o condutor acionar o sistema 4x4 sempre que for necessário distribuir o torque pelas rodas automaticamente, mas não avisa quando ele deve ser desligado para economizar combustível. “Ter que acionar a tração AWD, na qual os circuitos eletrônicos do carro deveriam fazer esta tarefa, está longe de ser o ideal. O certo é que ele fosse automaticamente acionado pelo próprio sistema do veículo. Normalmente esses sistemas já ficam ligados e o carro tem um controle de tração ativo que traciona mais uma roda ou outra de dentro ou fora da curva para facilitar a condução”, entende Sílvio Pacheco.

FREIO, SUSPENSÃO E DIREÇÃO

O Chevrolet Equinox é montado sobre a mesma plataforma do novo Cruze, a D2XX, desenvolvida pela General Motors para ser uma estrutura global flexível a ponto de sustentar uma grande variedade de veículos e, ainda, diminuir o tempo entre os lançamentos de novos modelos nos mercados em que atua.

O crossover traz à frente suspensão MacPherson e discos ventilados; atrás, suspensão multibraço e discos sólidos. A direção conta com assistência elétrica. Conforme registrado nos testes dinâmicos realizados pelos reparadores, a suspensão independente nas quatro rodas, auxiliada pela tração integral e controles eletrônicos de tração e estabilidade, assegura estabilidade além de satisfatória nas curvas, com pouco efeito rolling da carroceria.

Segundo os repararadores, embora confortável, a suspensão dá enfase à firmeza, mas apresenta ruídos preocupantes na parte inferior dianteira. Assim, apesar da tração integral que poderia ser um convite a programas off-roaders, o Equinox é, de fato, mais um 4x4 estiloso e de vocação urbana.

Com o veículo sobre o elevador, Sílvio Pacheco identificou pontos que podem ser a fonte de ruído da suspensão. “O agregado é reforçado, mas a bandeja e os pivôs são pequenos para um carro de 1,7 tonelada. O barulho pode ser resultado do sobre-esforço de bandejas ou buchas (foto 22)”, acredita o reparador, que aprovou a manga de eixo de alumínio (foto 23) que “pode ser tão resistente quanto uma de ferro fundido, com a vantagem de ser mais leve”, e a pinça de freio (foto 24) de dimensão reduzida nos discos dianteiros. “Aqui optaram por uma pinça menor e um pistão grande. É apenas questão de projeto, assim como o motor elétrico da direção assistida junto à caixa (foto 25). Alguns colegas pensam que essa posição deixa o motor exposto a pancadas e a poças d’água. Mas não é bem assim. Normalmente esse motor é blindado. O que vemos nas oficinas é que veículos com motor elétrico junto à caixa apresentam menos intercorrências do que aqueles com motor junto à coluna, sem falar que, para nós, o acesso embaixo fica bem melhor”, argumenta Sílvio.

“A suspensão traseira independente permite que façamos sua geometria (foto 26), com cambagem e alinhamento, e isso é ótimo para os reparadores”, avaliou Adilson Oliveira, que aprovou o eixo cardã (foto 27) lubrificado com o mesmo óleo do diferencial, “uma segurança a mais e uma melhor refrigeração”, e o sistema de bandejas traseiras (foto 28) robustas fazendo as vezes de braços. “O sensor de estabilidade (foto 29) também está em local acessível, sem estar vulnerável, e o agregado traseiro traz buchas reforçadas, sem falar da barra estabilizadora traseira (foto 30) e suas bieletas, que aumentam a estabilidade”, aponta o reparador. Essa estabilidade, segundo Silvio Pacheco, pode também ser atribuída ao diferencial traseiro alongado (foto 31). “É uma estratégia de estabilização que evita o excesso de movimento do eixo cardã e prolonga a vida útil das cruzetas e do conjunto”, assegura.

ELÉTRICA, ELETRÔNICA E CONECTIVIDADE

O Equinox conta com 110 itens de segurança, conforto e infotenimento, o pacote mais abrangente da categoria. Entre os mais importantes, os itens de segurança, estão os obrigátorios airbags – seis, frontais, laterais e de cortina –, controles eletrônicos de tração e estabilidade e freios ABS com EBD (gerenciamento da pressão nos freios) e PBA (auxílio a frenagens de emergência). Além do assistente de permanência na faixa, os itens mais sofisticados são sensores no para-choque traseiro que detectam a aproximação de outro veículo vindo na perpendicular e, com isso, acionam bips e acendem um triângulo de advertência no painel. Não menos importante é a célula de sobrevivência, uma “gaiola” reforçada por materiais nobres no habitáculo.

O mais curioso é o Safety Alert Seat que usa pulsos de vibração no assento do banco do motorista como alerta para evitar acidentes, um recurso particularmente útil para motoristas com deficiência auditiva. O silêncio interno é garantido por quatro microfones que captam as frequências sonoras vindas do motor, as enviam para um módulo que processa a informação e fazem os alto-falantes emitirem uma onda contrária neutralizadora.

Claro que toda essa demanda de componentes eletrônicos exige uma estrutura. Além da caixa de fusíveis convencional (foto 32), o Equinox dispõe de outra (foto 33) alojada no compartimento de bagagens. “Aqui temos um acesso mais fácil do que se ela ficasse no interior da cabine”, aponta Sílvio Pacheco, que também aprovou a localização de uma caixa com maxifusiveis (foto 34) sobre o polo positivo da bateria. “Hoje, em função dos muitos itens eletrônicos, os carros mais modernos saem de fábrica com esses maxifusíveis que servem de proteção para o sistema elétrico. O que acontece é que, às vezes, alguns reparadores não foram treinados para checá-los. Já recebemos aqui carros guinchados vindos de outras oficinas e que apenas foi preciso trocar um desses maxifusíveis para ele sair rodando”, admite o reparador.

INFORMAÇÕES TÉCNICAS

A General Motors do Brasil mantém a página “Espaço do Reparador Chevrolet” no endereço www.pecachevrolet.com.br/catalogo/espaco-reparador, onde os profissionais das oficinas podem fazer o download dos Manuais do Proprietário e de Manuais Técnicos, como Manual de Reparação, Manual de Identificação e de Ferramentas Especiais, de 20 modelos de veículos fora de linha da marca Chevrolet, começando do Astra e terminando na Zafira. Reconhecidamente, é muito mais do que a maioria das montadoras instaladas no Brasil costumam oferecer aos reparadores independentes, mas infelizmente ainda não o suficiente para satisfazer as demandas específicas das oficinas de todo o País. Isso, segundo os próprios interessados.

“De modo geral, as montadoras dificultam o acesso dos reparadores independentes a dados técnicos como diagramas elétricos. Driblamos essa dificuldade através de parcerias pontuais com uma ou outra fabricante, fornecedores independentes de informação, participando de grupos de oficinas e contatos informais com consultores técnicos das concessionárias. Isso tudo não para termos todas as informações que precisamos, mas para que tenhamos ao menos alguma cobertura”, afirma Sílvio Pacheco, da Interceptor. Adilson Oliveira, da Injecar, costuma recorrer ao banco de dados do Sindirepa e a seus contatos com os chefes de oficina das concessionárias, além dos fóruns de reparadores na internet “que nos ajudam bastante”. Sua oficina ainda participa de três grupos nacionais pelo WhatsApp. “Hoje, as cooperativas de oficinas são as nossas maiores ferramentas para fazer fluir a troca de informações técnicas”, argumenta Gláucio Marinho, da AG Motors.

PEÇAS DE REPOSIÇÃO

A reposição de peças da linha Chevrolet não é um drama para os reparadores independentes. O relacionamento com as concessionárias e a política de preços para as oficinas raramente são fatores de atraso para a entrega de um serviço. Mas o mesmo não se diga sobre os prazos de entrega. “O atendimento é satisfatório e a relação com a marca é boa. Mas, como ocorre com as demais redes de concessionárias, um prazo de três ou quatro dias pode se transformar em 15 ou até 30, ainda mais se o veículo for importado”, depõe Sílvio Pacheco. A razão? “Hoje as montadoras têm uma variedade tão grande de modelos que não conseguem manter em estoque todas as peças. E quem acaba prejudicado é o cliente”, acredita o reparador. Menos mal, segundo ele, que o preço das peças é condizente com a categoria do veículo. “Nada fora do padrão”, assegura. Nesse dia a dia a oficina também corre atrás do que se pode encontrar no mercado independente, como peças de giro maior como pastilha de freio, vela, filtros, óleos etc.

Segundo o gerente de compras Matija Demberi Jr, da Injecar, o preço das peças genuínas GM está razoável em comparação ao de algumas outras linhas. “Por vezes, dependendo da peça, nosso desconto nas concessionárias Chevrolet, como oficina, chega a 30%. Algumas outras redes não oferecem mais de 5%, o mesmo que para o consumidor final. Não deixamos de comprar peças internas do motor, sensores, correias e, principalmente, coxins e batentes de borracha. Até mesmo amortecedores, eventualmente, podem sair mais em conta nas concessionárias. Fora delas deixamos para comprar kits de embreagem, peças de freio e de suspensão”, explica o gerente. “Seja qual for o fornecedor a entrega fica por nossa conta. Mandamos o motoboy retirar para evitar demora”, completa. Gláucio Marinho, da AG Motors, confirma os colegas: “A rede de concessionárias Chevrolet é a que mais tem oferta de peças e facilita a vida do reparador, pois tem uma política de preços geralmente competitiva. Não posso dizer que as peças são baratas, mas dentro de um limite razoável”, acredita.

RECOMENDAÇÃO

O utilitário esportivo da GM mais vendido do mundo recebeu uma avaliação final favorável dos nossos reparadores, mas não escapou de algumas observações que poderiam orientar os engenheiros da montadora nas revisões futuras do projeto.

“Recomendo a compra, pois o carro tem mais fatores positivos que negativos. A favor pesam a potência do motor em relação ao consumo, a modernidade do projeto que inclui o design e a busca da eficiência energética, e a estabilidade ao dirigir. Reparabilidade e manutenção são boas. Nas oficinas, ele não demorará mais que os outros carros da mesma categoria. O custo da manutenção promete ser compatível com o valor do carro. Os fatores negativos são a fragilidade da suspensão, que não chega a comprometer a qualidade geral do veículo, e a função 4x4 que não é automática e precisa ser acionada. Em um carro desse preço isso deveria ser revisto.”

Sílvio Pacheco

“Sim, pode comprar, apesar de não ser um carro tão robusto quanto aparenta. É um 4x4 mais urbano, de luxo. Ele vai bem para um fim de semana no sítio, mas não para enfrentar uma pescaria no Pantanal. A reparabilidade é tranquila e creio que teremos uma boa oferta de peças porque, afinal, é um Chevrolet. Não acredito que seja um carro para ficar parado na oficina. Do ponto de vista estético, é um carro muito bonito.”

Gláucio Marinho

“Sob um ponto de vista urbano, é um carro robusto, confortável, seguro e com muitos itens de série. Praticamente completão. Sua reparabilidade não aparenta ter muitas dificuldades e promete ser rápida. Sendo um Chevrolet, dificilmente faltará alguma peça para ele. Recomendamos.”

Adilson Oliveira e Diego Macheia

Dados técnicos do motor, mecânica e medidas

Cilindrada: 1.998 cm3

Combustível: gasolina

Motor: instalação dianteiro, transversal

Código do motor: Ecotec Turbo SIDI 2.0

Aspiração: turbocompressor

Diâmetro dos cilindros: 86 mm

Número de cilindros: 4 em linha

Número de válvulas: 16 (4 x cilindro)

Curso dos pistões: 86 mm

Alimentação: injeção direta

Comando de válvulas: duplo no cabeçote, corrente

Taxa de compressão: 9,5:1

Potência máx.: 262 cv a 5.500 rpm

Potência específica: 131,13 cv/litro

Peso/potência: 6,46 kg/cv

Peso/torque: 45,76 kg/kgfm

Torque máx.: 37 kgfm a 4.500 rpm

Torque específico: 18,52 kgfm/litro

Velocidade máxima: 210 km/h

Aceleração 0-100 km/h: 7,6 s

Transmissão: automática de 9 marchas

Tração: integral sob demanda, AWD

Direção: assistência elétrica

Suspensão: MacPherson (d), independente, multibraço (t)
Plataforma: D2XX

Freios: discos ventilados (d), sólidos (t)

Porta-malas: 468 litros

Tanque: 59 litros

Peso: 1.693 kg

Altura: 1.695 mm

Comprimento: 4.652 mm

Largura: 1.843 mm

Bitolas: 1.580 mm (d) e 1581 mm (t)

Distância entre-eixos: 2.725 mm

Vão livre do solo: 160 mm

Pneus: 235/50 R19 (d/t)

Diâmetro mínimo de giro: 11,4 m

Carga útil: 507 kg

Consumo km/l cidade estrada

Gasolina 8,4 10,1

Classificação na categoria: SUV médio

Nota do Inmetro-Classificação PBEV (Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular): B na Comparação Relativa na Categoria e D na Comparação Absoluta Geral

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