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Análise do sensor de pressão do coletor (MAP) e dos transdutores no diagnóstico automotivo

Na matéria deste mês veremos como realizar uma análise combinada dos sinais do sensor de pressão do coletor MAP e dos transdutores para solucionar diversos problemas que causam mau funcionamento do motor

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Por Laerte Rabelo


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Olá, caros reparadores, espero que esteja tudo bem com vocês. Precisamos entender o princípio de funcionamento tanto do sensor de pressão do coletor como os transdutores a fim de compreendermos suas aplicações no diagnóstico de falhas.

1. Sensor de Pressão do Coletor (MAP)

O sensor MAP (Manifold Absolute Pressure) detecta a quantidade de ar de admissão devido à pressão do coletor de admissão ser diretamente proporcional à quantidade de sucção de ar para o motor.

Na área de detecção do sensor, um pedaço de silicone é instalado dentro da unidade na qual o vácuo é mantido. 

A superfície é exposta para a pressão do coletor de admissão. Quando a pressão do coletor de admissão atua sobre o sensor, o pedaço de silicone recebe uma tensão de acordo com a diferença na pressão com a câmara de vácuo e as mudanças de valor de resistência. 

A diferença de potencial causada por esta mudança de resistência é ampliada e enviada para o ECM como o sinal de pressão do coletor de admissão (pressão absoluta).

Na imagem é possível observar o sensor de pressão do coletor com seus principais componentes. (Fig.1)

Vale destacar que o sensor MAP não mede o vácuo do motor, mas sim a pressão absoluta, que corresponde à diferença entre a pressão atmosférica e o vácuo gerado pelo motor.

Veja a relação entre a tensão de resposta do sensor e a variação de pressão do coletor.

Observando o gráfico vemos que quanto maior a pressão do coletor maior será sua tensão de sinal, ou seja, são diretamente proporcionais.

Feitos os devidos esclarecimentos sobre o sensor pressão absoluta do coletor, vamos partir agora para os transdutores.

2. Transdutores 

Consiste, basicamente, de uma pastilha piezoelétrica que transforma variações de pressão em sinais elétricos. Pode ser utilizado para verificar variações de pressão em vários pontos do veículo, por exemplo, vácuo do coletor, pressão do cárter, e pressão no escapamento. Bastante útil para a verificação e análise de componentes mecânicos e eletromecânicos do motor, como bicos injetores, válvulas, anéis de segmento, comando de válvulas, cabeçote, dentre outros, evitando assim a desmontagem parcial ou total do motor. A figura 3 exibe um modelo de transdutor que utiliza o elemento piezo. 

Existem no mercado outros tipos de transdutores para análise de outros pontos específicos do motor, como o transdutor de pressão do cilindro, que exigem a capacidade para suportar maiores pressões, por isso não utilizam um elemento piezo, mas sim um componente chamado MPX, como mostra a figura 4, que consegue converter essa alta pressão em sinais elétricos. 

E, por fim, e não menos importante, temos os transdutores dedicados a aparelhos específicos e que são extremamente precisos em suas leituras. Um exemplo é o transdutor de pressão WPS500X, que combinado ao software exclusivo dos osciloscópios da Pico Technology tem a capacidade de realizar a conversão de pressões na faixa de 500psi ou 34,5 bares em sinais elétricos de forma segura e confiável.

3. Aplicação prática do sensor de pressão do coletor e transdutores no diagnóstico automotivo

Este caso foi cedido, gentilmente, pelo amigo reparador e instrutor técnico automotivo, Lucas Oliveira, que pegou esse caso e utilizando-se de estratégias de diagnóstico conseguiu solucionar de forma assertiva o problema do veículo.

O reparador recebeu em sua oficina um Fiesta 1.0 ano 2004 equipado com um motor Zetec Rocam a gasolina, cujo proprietário relatou que o veí­culo se encontrava gastando muito e sem força. Durante a entrevista consultiva o cliente falou que tinha comprado esse carro recentemente, ou seja, não tinha histórico de serviço para ajudar de alguma forma o diagnóstico.

O primeiro passo realizado pelo técnico foi entrar com o scanner e verificar possíveis códigos de falhas e fazer uma varredura em leituras de parâmetros.

De pronto concluiu que não havia códigos de falhas na memória da central de comando do motor.

Já na leitura de parâmetros identificou o sensor MAP alterado, tempo de injeção alto e sonda lambda com tendência rica. 

Dessa forma, utilizando-se de sua experiência partiu para avaliar o sincronismo mecânico do motor com o osciloscópio, pois pelas características apresentadas pelo veículo haveria uma possibilidade do motor estar fora de sincronismo. 

Dando continuidade ao diagnóstico, foi aplicada a régua de 720º observada na imagem.

Com todos os indícios indicando motor fora de sincronismo, faltava apenas capturar o sinal do sensor de pressão do coletor com o intuito de confirmar irregularidades nas variações de pressão do coletor, sinal irrefutável que o motor está fora de sincronismo.

Assim com o osciloscópio devidamente instrumentalizado, realizou a captura durante a partida. 

Veja o oscilograma bem como as observações realizadas pelo reparador.

Dando continuidade, temos a mesma captura agora com o motor em regime de aceleração.

Desta forma, confirmou a falta de sincronismo e sem demoras realizou o seu ajuste. 

Para confirmar a assertividade e sucesso no diagnóstico realizou novas análises do sensor MAP tanto na partida quanto na aceleração. 

Ao ver os sinais, verificou que havia concluído o diagnóstico com sucesso, deu uma volta com o veículo, confirmando que o mesmo estava com uma boa performance, bem diferente da forma que havia chegado na oficina, entregou o veículo ao proprietário e finalizou o serviço.

Até a próxima!!! 

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