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Flexfuel - funcionamento e análise de sensores que auxiliam na determinação do combustível

Destacaremos os sinais de entrada e também alguns sensores envolvidos na determinação do tipo de combustível que está no tanque, a fim de capacitar o reparador a diagnosticar possíveis falhas no sistema

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Por Laerte Rabelo


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1Funcionamento do Sistema Flexfuel - Este sistema reconhece que o veículo foi abastecido através do sensor de nível de combustível, que envia o sinal para o módulo de controle eletrônico do motor, ECM. 

Figura 1

No momento em que o ECM recebe este sinal, entrará em um processo de aprendizado rápido, em que o sensor de oxigênio informará ao módulo de gerenciamento do motor qual combustível está no tanque (etanol ou gasolina) ou o teor da mistura.

Neste momento, após processar todas as informações em seu software, o ECM ajustará o pulso do injetor e o avanço de ignição, auxiliado pelo sensor de detonação. A figura 2 apresenta os sinais de entrada e saída do sistema. 

Figura 2

2. Como o sinal do sensor de detonação auxilia na identificação do combustível?

O sensor de detonação, de tipo piezoelétrico, figura 3, está montado no bloco e registra a intensidade das vibrações provocadas pela detonação nas câmaras de combustão. 

Figura 3

O fenômeno gera uma repercussão mecânica sobre um cristal piezoelétrico que envia um sinal ao ECM, que, com base neste sinal providencia a redução do avanço de ignição até o desaparecimento do fenômeno. Em seguida, o avanço é gradualmente restabelecido até o valor base. 

A central de controle do motor utiliza o sinal do sensor de detonação para auxiliá-la na identificação do novo combustível, pois ao variar o avanço de ignição monitora através do sinal deste sensor as vibrações do motor, assim, se com um certo valor de avanço o sensor identifica a presença de detonação ou pré-ignição a central através de seu mapa interno saberá que há gasolina ou uma porcentagem desta no tanque, e por outro lado, se não ocorrer o aparecimento destes fenômenos em um valor de avanço especifico, é sinal que o combustível utilizado é o etanol.

Desta forma, o sensor de detonação é importante para a identificação correta do combustível, por isso devemos ter uma atenção especial nesse sensor quando surgir problemas referentes a perda de leitura da relação ar/combustível. 

Falhas neste sensor irão disparar o código de falhas P0325, referente a diagnose do sensor de detonação com motor em funcionamento. 

Observar possíveis curtos-circuitos à massa ou ao positivo. Outro ponto fundamental é verificar se a fixação do sensor ao bloco do motor está com o torque especificado conforme o manual do fabricante. 

A figura 4 apresenta o esquema elétrico do sensor bem como um exemplo genérico de valor de torque de aperto. 

Figura 4

3. Sinal da sonda lambda e tempo de resposta 

No sistema Flexfuel não é apenas necessário um sensor de oxigênio que produza um sinal rico/pobre, para o ECM,  é fundamental que o sensor reaja rapidamente a mudanças (transição de pobre para rica/rica para pobre).

Se o sensor reagir lentamente, teremos um consumo excessivo de combustível, marcha-lenta irregular ou falta de desempenho. Tambem poderá haver gravação de um código de falhas DTC falso, uma vez que o ECM utiliza valores de tensão do sensor para as verificações do sistema.

A figura 5 exibe o funcionamento do sensor de oxigênio assim como seus pontos de análise. 

Figura 5

Vale destacar que em uma análise mais detalhada do sensor de oxigênio, devemos deixar o motor com a rotação de aproximadamente 2000 RPM com temperatura operacional e observar se o tempo de resposta do sensor, região assinalada pela letra D, deve ser no máximo 350ms, ou seja, tempo de comutação de mistura pobre para mistura rica. 

Caso apresente valores maiores que esse poderá ocasionar falhas de identificação de combustível. 

4. Contaminantes no sensor de oxigênio 

a) Carbono

Os depósitos pretos de carvão ou fuligem resultam das misturas excessivamente ricas de combustível e não danificam o sensor. Os depósitos podem ser queimados, deixando o motor funcionando no mínimo 2 minutos em aceleração parcial. A figura 6 mostra o aspecto da ponta do sensor em contato com o carvão resultante de mistura rica. 

Figura 6

b) Sílica 

Durante o processo de cura de alguns materiais de juntas de silicone são gerados vapores que podem contaminar o sensor de oxigênio. Esta contaminação geralmente é causada por vapores drenados do sistema PCV( Ventilação Positiva do Cárter) para a câmara de combustão e transportados para o sistema de escapamento. As particulas de sílica se depositam no sensor de oxigênio, que não é capaz de monitorar o conteúdo de oxigênio no sistema de escapamento, tornando as respostas do sensor lentas. O aspecto do sensor contaminado é esbranquiçado. 

Figura 7 

c) Chumbo

A queima do combustível com chumbo poderá causar a vitrificação por chumbo no sensor, resultando no funcionamento lento do sensor. A figura 8 apresenta o aspecto do sensor submetido a presença de chumbo. 

Figura 8

d) Outras substâncias 

Os depositos de óleo acabam impedindo o funcionamento do sensor. O sensor terá a aparência marrom escuro. As causas para o consumo de óleo deverão ser verificadas. A figura 9 mostra em detalhes o aspecto do sensor contaminado por óleo.

Figura 9

Os aditivos a base de etileno glicol também podem afetar o desempenho do sensor de oxigênio. Isto resultará em uma aparência esbranquiçada, figura 10. A penetração do aditivo no sistema de escapamento provavelmente resultará em outros sintomas de falha no sistema de arrefecimento, como a queima da junta do cabeçote, em que o líquido de arrefecimento penetra na câmara de combustão. 

Figura 10

OBSERVAÇÃO: Verifique o funcionamento do sensor de oxigênio, após substituir a junta do cabeçote.

IMPORTANTE: Quando o sensor apresenta sinal sem oscilações ou DTC para mistura rica ou pobre, muitos reparadores, baseando-se neste sintoma, o substituem.

Estão cometendo um engano, porque a mistura poderá estar realmente pobre ou rica e o ECM não está mais podendo ajustar a mistura ar/combustível.

5. Defeitos mais comuns provocados por falhas no circuito do sensor de oxigênio

a) Motor falhando em acelerações ou marcha lenta;

b) Consumo excessivo de combustível.

Observações

• Sempre meça a tensão, o aterramento do sensor e o sinal do sensor.
• Verifique sempre os pinos do sensor e do conector quanto a oxidação.
• A resistência do aquecedor do sensor, caso ele possua.
• O aterramento do aquecedor e sua alimentação (alguns aquecedores são alimentados pelo relé da bomba de combustível, diretamente da chave de ignição, ou em outros casos, será alimentado pelo ECM através de sinal PWM – Modulação por Largura de Pulso como exibe a figura 11).

 

Figura 11

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