Oficina Brasil


Mecanicamente, Grand Livina é similar ao irmão menor

Com 24 cm a mais que o Livina, o monovolume de sete lugares chega com mesmos predicados da minivan, porém com itens de conforto mais sofisticados

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Por Alexandre Akashi


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Sem muito alarde, a Nissan apresentou recentemente o Grand Livina, monovolume de sete lugares que promete brigar diretamente com o Chevrolet Zafira e, pelo preço, de R$ 54.890 a R$ 65.390, com o Citroën Picasso e a perua Grand Tour, da Renault. Ao todo, são quatro versões disponíveis ao consumidor, todas com motor 1.8L 16v bicombustível: duas com câmbio manual (acabamento básico e SL) e duas automáticas (acabamento básico e SL).


O motor 1.8L 16v bicombustível é o mesmo do Tiida e da Livina


Curva de torque e potência

A diferença entre os acabamentos é sutil, com itens de perfumaria (bancos de couro, ar-condicionado automático digital, entrada auxiliar para iPod e MP3, retrovisores pintados na cor da carroceria, seis auto falantes, entre outros). Há, porém, itens de segurança, como air bags duplos, ABS com distribuição eletrônica da força de frenagem (EBD) e assistência à frenagem (BA), que aplica toda a força no sistema quando sensores detectam que o pedal do freio foi acionado abruptamente e dispositivo I-Key, que permite a abertura das portas e a partida no motor à distância.

A base do Grand Livina é, porém, a mesma do irmão menor, a minivan Livina. Tanto que o entre-eixos é o mesmo: 2,6 metros. O Grand é 24 cm mais comprido, suficiente para a instalação de uma terceira fileira de bancos. O motor e o câmbio (automático - três marchas mais overdrive) são idênticos no hatchback Tiida e na versão mais potente do Livina. Já a versão com câmbio manual, de seis marchas, é o mesmo do Tiida.


Vista inferior do motor, sem protetor de carter;



Detalhe do radiador apoiado na longarina, um ponto fraco, segundo o conselheiro Claudio Cobeio


Powertrain
O propulsor 1.8L 16v bicombustível é o mesmo que equipa o Tiida, que este ano também recebeu a flex. Porém, antes mesmo de chegar no hatchback, a Nissan o estreou no Livina, com todo o destaque que merece. Afinal, trata-se de um motor 100% desenvolvido pela montadora japonesa, o que confere a ele bom desempenho, com potência de 125cv/126cv (G/A) @ 5.200 rpm, torque de 17,5 kgf.m @ 4.800 rpm (álcool/ gasolina), taxa de compressão de 9,9 : 1, com diâmetro e curso de 84 X 81,1mm, respectivamente, e sistema de injeção eletrônica multiponto sequencial.


Detalhe da suspensão dianteira


Cobeio aponta a bieleta: muito longas, aumentam as chances de folgas


Produzido no México, recebeu nova central eletrônica (ECU), Bosch, e componentes internos para resistir à ação do álcool, como as válvulas de admissão, exaustão e vedadores de válvulas feitos com novos materiais; primeiro anel dos pistões de aço (antes eram de ferro fundido); novo desenho dos pistões (agora anodizados e com a primeira ranhura com 1,2 mm, em vez de 1,5 mm); bielas feitas de materiais mais resistentes; injetores de combustível adequados ao uso do combustível vegetal e sonda Lambda com dupla camada de proteção para resistir à umidade do álcool.
Com a adoção da tecnologia flex fuel, a estratégia da Nissan para partida a frio é injetar gasolina, oriunda de um reservatório externo, com capacidade de ½ litro, posicionado entre o capô e a base do limpador de pára-brisa, para evitar a abertura do compartimento do motor, sempre que a temperatura externa for inferior a 18°C (com 100% de álcool no tanque de combustível).

Pela avaliação do consultor técnico do jornal Oficina Brasil, Cláudio Cobeio, proprietário da CobeioCar, os coxins que sustentam o motor do Grand Livina são um dos pontos fortes do carro. “Aparentemente são bem resistentes”, afirmou Cobeio. Outro ponto que mereceu elogios do reparador foi o capricho nas tubulações, que “demonstram todo cuidado da montadora com o projeto”, avaliou.


O filtro de combustível é externo e bem protegido;


o acesso ao tanquinho dispensa abertura do capô

O veículo avaliado, porém, estava sem protetor de cárter e, segundo Cobeio, o fato de o radiador ser apoiado na longarina frontal é um ponto fraco do veículo, pois pode furar em caso de choque com o piso.

O Grand Livina é oferecido com duas versões de câmbio, manual de seis marchas ou automático de quatro. A versão avaliada era automática, tendo apresentado escalonamento de marchas regular e boa programação, que minimiza a sensação de ‘vazio’, apesar do pequeno número de velocidades.
Em uma análise comparativa das relações de marchas do câmbio manual, a segunda do automático equivale à uma terceira da manual, sendo a primeira extremamente longa, assim como a quarta que, no final das contas, serve apenas como overdrive, para reduzir o giro do motor e torná-lo assim mais econômico e confortável (menos ruidoso).

Para se ter idéia, o escalonamento das marchas na versão manual está tão bem melhor calibrada em relação ao motor que a Nissan informa velocidade máxima de quase 10 Km/h superior em relação à versão automática, e aceleração 0-100 Km/h quase 1 segundo mais rápida. Em compensação, o consumo no ciclo rodoviário é prejudicado em mais de 1 Km/l, quando abastecido com gasolina (0,7 Km/l, no álcool).

Suspensão
Tal como a irmã menor, a minivan Livina, a Grand Livina apresenta suspensão dianteira independente tipo McPherson com barra estabilizadora, subchassi com sistema antivibração, e suspensão traseira com eixo de torção com barra estabilizadora e molas helicoidais.

O consultor técnico Cláudio Cobeio chama atenção, no entanto, para ancoragem do subchassi, que “aparentemente é muito frágil, pois poucos pontos de apoio e tende a afundar em caso de batida”, afirmou. Outro componente criticado pelo reparador foram as bieletas. “São muito longas o que aumentam as chances de folgas”, disse.

O conjunto freios-rodas-pneus também é similar ao da Livina (na versão 1.8L automática), com freios dianteiros ventilados de 260 mm, e traseiros a tambor, rodas 5,5J X 15 polegadas e pneus 185/65 R15. Infelizmente o sistema ABS é de série apenas nas versões topo de linha (SL).

Ao volante
Conforto e dirigibilidade são os dois grandes pontos fortes do Grand Livina, tal qual ocorre com a irmã menor. A sensação de segurança é a mesma, apesar dos 24 cm a mais. Os mimos ao motorista não são muitos, mas bem vindos. Porém, assim como na Livina, faltaram itens de ajuste que são importantes, como regulagem de altura dos bancos, cinto de segurança e profundidade do volante.

 

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