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Novo Fiat Uno Evolution 1.4 flex com sistema Start-Stop

Fiat lança o primeiro modelo nacional equipado com o sistema Start Stop que pode reduzir em até 20% o consumo de combustível e emissão de poluentes em percursos congestionados

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Por Jorge Matsushima


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Em abril de 2012, o Governo Federal decretava o Programa Inovar Auto, que tinha como premissa básica incentivar a produção local de veículos automotores e autopeças através da redução progressiva de alíquotas de IPI, desde que as montadoras instaladas no país comprovassem entre outros itens, um percentual mínimo de aplicação de peças nacionais (65%) nas linhas de montagem; percentual mínimo de investimentos em pesquisa & desenvolvimento, engenharia e capacitação de fornecedores locais, aumentando a competitividade e conteúdo tecnológico embarcado nos veículos aqui produzidos; e estabelecendo metas compulsórias de eficiência energética, ou seja, produção de carros menos poluentes e mais econômicos.

Passados pouco mais de três anos do anúncio do decreto, montadoras e seus fornecedores estão “se virando” para atender todos as exigências do programa, e sob a ótica dos reparadores independentes já podemos conhecer na prática a uma tecnologia até então reservada à veículos mais sofisticados, que é o sistema Start&Stop, que desliga e religa o motor automaticamente quando o veículo fica parado em intervalos prolongados como em um semáforo por exemplo.

De grande eficiência para economia de combustível e redução de emissão de poluentes nos caóticos trânsitos congestionados, este sistema certamente será adotado em grande escala pelas montadoras locais, uma vez que ajuda a cumprir uma das metas mais críticas do Inovar Auto, relacionada à eficiência energética.

De olho neste panorama, o Jornal Oficina Brasil se antecipa e submete à avaliação dos reparadores independentes, o novo UNO Evolution 1.4, primeiro veículo de fabricação nacional equipado com o sistema start stop da Bosch. 

A Fiat por sinal, larga mais uma vez na frente da concorrência, e inaugura a oferta deste acessório em um veículo do segmento de entrada, ainda que em uma versão exclusiva e completa.

Participam desta avaliação: Valney Menezes da Silva – 43 anos, 15 de profissão, 5 na empresa. Começou fazendo um curso de mecânica a convite de um amigo. 

Da esquerda para a direita: Valney Silva; Marcelo Lima e os irmãos Ricardo e Reginaldo Koboyama da TokioCarServcice / Fábio Melo da JF Centro Automotivo / Vinícius Mansi (esq) e Régis (Reginaldo) Carvalho também da JF Centro Automotivo

Marcelo Bispo de Oliveira Lima, 46 anos, 22 anos de profissão 15 na empresa. Começou no Senai e em oficinas independentes.

Ricardo Koboyama, 34 anos, 10 de profissão, convidado pelo irmão para atuar na empresa.

Reginaldo Koboyama, 40 anos, 25 de profissão. Começou aos 15 com o pai. A empresa existe desde 1970 e se chama Koboyama& Cia Ltda, a atua no mercado com o nome fantasia TokioCar Service.

Fábio Araújo de Melo, 23 anos, dois anos na profissão, técnico de suspensão, freio e escapamento na JF Centro Automotivo.

Vinícius Henrique Mansi, 40 anos e 15 anos no setor. Trabalha há um ano na JF.

Reginaldo da Silva Carvalho, mais conhecido como Régis, 32 anos, 15 anos de profissão na Auto Elétrica e Mecânica JF.

O SISTEMA START STOP

Tecnologia oriunda de modelos mais sofisticados, passou a ser uma alternativa estratégica para modelos nacionais em busca de maior eficiência energética, principalmente quando há uma meta a ser cumprida segundo o decreto do Inovar Auto.

Reginaldo Koboyama explica que, de modo simplificado, o sistema nada mais é do que um motor de arranque gerenciado eletronicamente. Todavia este gerenciamento exigiu uma série de modificações, a começar pela adoção de uma bateria de 60 Ah para garantir as partidas adicionais; um alternador mais potente para garantir recargas mais rápidas; um motor de arranque reforçado capaz de atuar com mais frequência; e o sistema de gerenciamento eletrônico que pode ser acionado ou desativado conforme decisão do condutor. 

Display multi funções indica status do sistema Start Stop / Tecla permite que condutor desative o sistema start stop

Quando acionado, o gerenciamento do sistema só irá desligar automaticamente o motor quando o veículo estiver parado, em ponto morto, freio (pedal) acionado e embreagem solta. O sistema confere ainda se o líquido do sistema de arrefecimento do motor está acima de 40°C, se todas as portas e o capô estão fechados; se o cinto de segurança do motorista está afivelado; se o freio de estacionamento não está acionado; se a bateria tem pelo menos 75% de carga; se o servofreio tem vácuo normal; e finalmente se atingiu pelo menos 7km/h antes de parar.

Para sair novamente, basta acionar o pedal de embreagem que o motor será religado em menos de meio segundo, antes mesmo de se concluir o engate da primeira marcha.

Em teste de percurso, Régis Carvalho elogiou o funcionamento do sistema, rápido e preciso para religar o motor, e considera o acessório muito útil para quem enfrenta congestionamentos no dia a dia. Avaliou ainda que o Start&Stop deste Uno não fica nada a dever em relação aos sistemas similares que equipam veículos mais caros com câmbio automático. Já Reginaldo Koboyama considerou o ruído do motor de arranque um tanto quanto alto em cada partida, diferente de modelos mais sofisticados; e desconfia que haverá aumento das manutenções no motor de arranque, pois em sua visão o componente será excessivamente acionado por usuários que moram em metrópoles congestionadas. Em contrapartida considera interessante que o condutor tenha a opção de desativar o sistema, seja para eliminar o incômodo ruído, ou para preservar o motor de arranque.

UNO EVOLUTION 1.4 FLEX

Esta versão Evolution foi criada exclusivamente para incorporar o acessório Start Stop como item de série, mas nas demais características possui as mesmas configurações da versão Way 1.4.

Detalhe do pisca no retrovisor valoriza o novo visual / Interior com belo design e destaque para o volante com teclas multifunções / Cobertura do porta malas continua barulhento em pisos irregulares

O design agrada a todos os avaliadores, e a Fiat reforça a imagem de vanguarda junto aos técnicos de reparação.

Régis Carvalho elogia o pacote de acessórios para um modelo popular, tais como o volante multi funções, painel completo com bonito design, computador de bordo e sensor de ré com câmera. Em contrapartida, observa que a tampa do bagageiro traseiro continua barulhenta em pisos irregulares e comenta: “É uma falha comum nas versões anteriores, e ainda não foi corrigida nesta versão”.

O MOTOR
Motor EVO 1.4 é uma boa evolução do motor Fire

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O motor EVO 1.4 Flex na avaliação de Reginaldo Koboyama é uma boa evolução da versão Fire, com a inserção do variador de fase, que deixa o carro bem “esperto” no trânsito, com bom torque para acelerações e retomadas rápidas. Ele observa que o sensor de fase mudou de posição, o que modifica o procedimento de troca da correia dentada. Notou também que a bobina de ignição é diferente, com formato linear (régua) mas que mantém o uso dos cabos de vela.

Régis Carvalho aponta que a facilidade de acesso aos componentes com bom espaço para o manuseio, é uma característica muito positiva da linha Uno, e todos os técnicos endossam este parecer.  Mesmo a substituição do filtro de óleo, crítica em muitos modelos, é feito de forma bem simples neste veículo.

Reginaldo Koboyama porém, observa que o suporte da caixa do filtro de ar, localizado no coletor de admissão, é muito frágil e quebra com alguma facilidade, e sugere ao fabricante rever ou reforçar este sistema de fixação.

Sensor de fase mudou de posição e troca da correia dentada é diferente / Acesso amplo aos componentes de manutenção como filtro de óleo

Ouro item lembrado por Reginaldo refere-se à regulagem de válvulas, muito frequente nos antigos motores Fire. No caso do motor EVO, ele observa que as patilhas são muito finas, e em alguns casos é necessário compensar na haste da válvula para resolver o problema conhecido como “válvula presa” (folga insuficiente).

TRANSMISSÃO
O conjunto transmissão é o mesmo das versões anteriores (modelo 510), de engates precisos e grande durabilidade. A troca dos componentes da embreagem é o item mais frequente nas manutenções efetuadas neste conjunto nas empresas JF e Tokio. Esta troca ocorre normalmente na faixa de 70 mil km.

Sistema de transmissão robusta e troca do conjunto de embreagem é tranquila

SUSPENSÃO

Na suspensão o item mais elogiado é a troca do feixe de mola traseiro pela suspensão semi independente com molas, braço oscilante longitudinal e eixo de torção. Na dianteira, a robustez do sistema Mc Pherson com braços oscilantes transversais não apresenta, segundo Fábio, nenhum tipo de defeito recorrente, e as manutenções se resumem à troca de pivôs, terminais e bandejas em decorrência de desgaste natural. Em sua opinião, a manutenção na suspensão do Novo Uno ficou mais fácil, principalmente em relação ao alinhamento.

Nova suspensão traseira independente com mola no lugar do feixe recebe elogios / Manutenção da suspensão e freio dianteiro não apresenta falhas

FREIO

No freio, será cada vez mais frequente a presença do sistema ABS, que se tornou obrigatória em todos veículos comercializados no país desde o início deste ano. Os técnicos não apontam nenhuma dificuldade para executar os serviços de manutenção.

DIREÇÃO

A direção hidráulica é comum a vários modelos da linha Fiat, e também não registra falhas recorrentes nas empresas visitadas. A refrigeração do fluido do sistema é simples, mas cumpre sua função com eficiência.

REFRIGERAÇÃO

Uma das especialidades da TokioCar Service é o serviço de manutenção em sistemas de ar -condicionado, e por esta razão, Reginaldo Koboyama registra com certa frequência nos modelos Fiat, problemas no compressor do ar-condicionado, queima da resistência do eletro-ventilador do radiador nos modelos equipados com ar condicionado, e problemas também nos botões de comando da ventilação interna. Nos modelos novos ainda não há como avaliar se houve evolução na qualidade e durabilidade destes componentes. 

Sistema de direção hidráulica apresenta pouca incidência de falhas / Estratégia de refrigeração da direção hidráulica é simples mas bem eficiente

GERAL

Todos técnicos que participaram da avaliação gostam de trabalhar com este modelo da Fiat, seja pela simplicidade técnica ou pela facilidade de execução dos serviços pelo amplo acesso aos componentes. As informações técnicas são obtidas com relativa facilidade junto aos parceiros de mercado, tais como sistemistas (fabricantes de componentes), equipamentos de diagnóstico, internet (fórum e contato com outros reparadores), publicações técnicas, etc. A montadora e concessionárias ainda são pouco consultadas pelo reparador independente.

Reginaldo Koboyama estima que 30% das passagens mensais na TokyoCar Service são de clientes com veículos Fiat, e estes clientes são muito bem vindos porque estes carros não apresentam maiores dificuldades na execução dos reparos.

Régis, Fábio e Vinícius da JF também recebem com tranquilidade os clientes Fiat, que representam também cerca de 30% dos serviços efetuados. Régis observa ainda que boa parte de seus clientes já adotam a correta rotina de efetuar as manutenções preventivas, em média a cada 10 mil km, o que torna a execução do serviço de revisão mais rápido e previsível como troca de óleo, filtros, pastilhas, alinhamento, etc. Bom para o cliente, bom para o reparador, conclui.

PEÇAS

Reginaldo Koboyama relata que as peças de alto giro (filtros, pastilhas, velas e itens de injeção) com qualidade original são compradas normalmente junto aos distribuidores e varejo. Nas concessionárias as compras se limitam aos itens mais específicos como acabamentos, parte elétrica, maçanetas e máquinas de vidro, etc.

Na JF, Régis estima que o mix de compra fica em torno de 70% no varejo (rapidez na entrega e variedade); 20% na concessionária (peças específicas) e 10% nos distribuidores (itens de alto giro).

Ambos não consideram problemática a tarefa de comprar peças Fiat no mercado.

RECOMENDAÇÃO

Considerando as virtudes técnicas do veículo; o correto projeto que prevê facilidades na execução da rotina de manutenção; e pela relativa facilidade de obtenção de peças e informações técnicas, todos entrevistados endossam a opção de compra para este renovado Uno, que apresenta excelente relação custo/benefício, e já frequenta os reparadores independentes sem maiores problemas.

 

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