Oficina Brasil


Novo Fusca preserva identidades do modelo histórico, mas agora com tecnologia de ponta

Com motor 2.0 TSI, o mesmo usado no Jetta, Passat e Tiguan o novo Fusca não trará segredos aos reparadores que já tiveram algum contato com algum destes modelos, mas equipamentos de diagnósticos específicos são necessários em caso de reparos

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Por Fernando Naccari e Paulo Handa


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O novo Fusca de Fusca só tem o nome. Na verdade, não somente o nome, mas alguns detalhes que fazem até o mais saudosista fascinado pelo modelo reconhecê-lo como um e no final dará sua assinatura dizendo que esteve a bordo do mais famoso modelo da Volkswagen.

Alguns detalhes nos remetem aos antigos modelos, como os para-lamas sobressalentes à carroceria, os faróis redondos na frente (porém agora com xênon) (Fotos 1, 1A e 1B), velocímetro centralizado no painel (Fotos 2, 2A e 2B), espaço reduzido para os passageiros no banco de trás (Fotos 3, 3A e 3B) e apoio de mãos em formato de alça sobre o cinto de segurança (Fotos 4, 4A e 4B).

Fotos 1, 2, 2A, 3 e 3A

Para completar o pacote do Fusca do novo milênio ainda há teto solar (Foto 5), bancos em couro (Foto 5A), ABS com EBD, direção assistida, ar condicionado digital dual zone e central multimídia com GPS integrado (Foto 5B).


Foto 5, 5A e 5B

Voltando um pouco menos no tempo, seremos mais justos e compararemos o novo Fusca com o New Beetle. Dessa forma, o novo Fusca ficou mais baixo e mais largo. Outro detalhe interessante é a não existência do arco ao redor dos vidros das portas.

Simplificando, a “lata” fica só na parte baixa e os vidros ficam livres para se encaixar na estrutura da carroceria quando totalmente erguidos. Isso dá ao veículo um visual esportivo bem mais interessante.

O desempenho que o Novo Fusca proporciona ao condutor (quase piloto) é surpreendente conseguindo equilibrar a condução esportiva com o conforto, sendo a diferença conduzida pelo pedal do acelerador.

Foto 6Associado ao moderníssimo câmbio DSG (Foto 6), as acelerações do carro podem ser mansas ou bem rudes, entregando a potência requerida quase que imediatamente. Foi uma pena que em boa parte do período de testes com o carro tenhamos frequentado o trânsito da capital paulista, mas nas raras oportunidades de trânsito livre, deu para provar um pouco do veneno alemão.

Até por conta disso, o consumo médio atingido ficou em torno de 7km/l. Se pensarmos em tudo o que o veículo oferece e o tipo de público que ele é voltado, podemos dizer que esse não será um ponto a ser questionado como critério de compra.

Enfim, o Novo Fusca é capaz de agradar aos mais saudosos colecionadores dos modelos antigos, dar um upgrade no visual do New Beetle e conquistar novos admiradores que querem um carro com ar ‘retrô’ e com toda a tecnologia disponível.

Foto 7

NAS OFICINAS
Como se comporta o novo Fusca nas oficinas? Levamos o veículo até a Auto Check Saúde onde os reparadores Willian Hideki Sato e Júlio César de Mello colaboraram conosco mediante suas percepções deste lançamento da Volkswagen.

Sobre o motor 2.0 TSI que equipa o Fusca o reparador Willian afirmou: “O motor é muito parecido com o utilizado nos Audi, Passat, no novo Jetta  e Tiguan”. (Foto 7)

“Encontramos no sistema de alimentação uma característica comum aos veículos Mercedes, que é o filtro de combustível com o regulador de pressão incorporado (Foto 8). Este sistema é igual ao utilizado no Classe A”, disse Willian.

Foto 8, 9 e 10

“Temos trocado bastante o antichama do sistema Blow By destes motores (Foto 9). Isso acaba ocasionando barulho e entrada de ar falso pelo rompimento do diafragma interno. Com esse problema, cria-se vácuo interno que prejudica o sistema de marcha lenta. Quando retiramos  esta chega a se dividir por conta da depressão gerada. Este sistema é o mesmo utilizado na linha Audi. Não houve modificações na peça”, relatou Júlio.

“Outro problema que temos presenciado é no sensor da bomba de alta pressão. Temos trocado constantemente esta peça neste modelo, e como se trata de um equipado com injeção direta na câmara de combustão, necessita de mais de 100bar na linha de alta pressão”, disse Júlio. (Foto 10)

“Na bomba de baixa pressão existe um módulo pequeno parecido com um relé e este é responsável por controlar esta bomba. Também temos a substituído com certa frequência”, acrescentou Júlio.

“O Filtro de óleo do motor (Foto 11) ainda continua na mesmo posição. Para mim deveria mudar a posição ou fazer um sistema igual ao da BMW que utiliza sistema com refil. Isso para nós é ruim, pois no momento da troca deste filtro este gera muita sujeira e este óleo acaba caindo em cima das correias e sujando o motor naquela região. Já tentamos de várias formas não derrubar o óleo, mas na posição em que este filtro está nunca conseguimos”, relatou Willian.

Foto 11 e 12“Com relação ao software utilizado na injeção, conseguimos acessar alguns parâmetros dela, mas infelizmente com os scanners nacionais (Foto 12) não conseguimos todos os acessos necessários para executar todos os reparos e/ou ajustes necessários ao sistema”, completou Willian.

“Antigamente, nos New Beetle equipados com Padle Shifts, estes apresentavam certo ‘delay’ com relação ao tempo entre a solicitação do condutor e a execução da troca de marchas em si, porém testei esse novo modelo e este problema foi solucionado”, acrescentou Willian.

Foto 13

O sistema de suspensão é mais um ponto que associa o novo Fusca ao antigo: “Para manobrar, este carro é péssimo!”, disse Júlio. (Foto 13)

“Além de esterçar pouco o carro é cheio de ponto cego”, completou Willian.

“Esse modelo lembra muito os Fuscas antigos. O ângulo de esterço é igualzinho. Acredito que a montadora manteve este efeito para caracterizar o veículo como Fusca mesmo”, acrescentou Willian.

“Por possuir rodas de aro grande e pneus de perfil baixo, acredito que veremos muitas rodas amassadas neste carro, quem sabe até quebradas”, disse Willian.

Foto 14

“Percebi que as bieletas deste modelo estão maiores quando comparadas as utilizadas nos New Beetle. Observo também que por conta do perfil da suspensão e dos pneus, os pivôs sofrem mais o impacto. Inclusive este aqui já está com folga. Estas buchas da barra estabilizadora não sofreram modificações e são bem parecidas com as do Golf e Jetta. Um defeito característico destas nos outros modelos é ranger bastante, assim, acredito que o defeito se repetirá no Fusca. Já as bandejas foram bastante reforçadas, tem o aspecto bem mais robusto”, completou Júlio. (Foto 14)

“O sistema de freio dianteiro (Foto 15) tem manutenção bem simples, onde devemos tomar as precauções básicas de um sistema com ABS, mas como o traseiro (Foto 15A) possui acionamento do freio de estacionamento eletrônico, só conseguimos efetuar o reparo com auxílio de scanner específico. Com ele, afastamos as pinças de freio para remoção e depois reajustamos após a troca destas. Sem o scanner, não é possível este reparo e se forçarmos o conjunto para esta manutenção, geraremos desgaste prematuro dos itens e até ineficiência no funcionamento do sistema de freios”, explicou Willian.
 

Foto 15 e 15A

O sistema de iluminação do Novo Fusca carrega uma falha característica do seu antecessor: “Desde o New Beatle os faróis não são confiáveis. É muito fácil removê-los e, por conta disso, é bem comum eles serem furtados. A trava que fixa o farol é muito fraca e com uma chave de fenda se tira o mesmo facilmente. No mercado este farol custa em torno de R$ 1.200,00 e isso se torna um grande atrativo para quem o furta para revender. O mais interessante é que dá para retirá-lo mesmo com o capô fechado, e o mesmo problema ocorre tanto na dianteira (Foto 16) quanto na traseira (Foto 16A)”, disse Willian.



Foto 16, 16A, 17 e 17A

“Para completar, isso também ocorre com os faróis auxiliares, pois a grade do acabamento sai com muita facilidade e, após removê-la (Foto 17), os parafusos de fixação do farol ficam expostos, sendo bem fáceis de serem removidos (Foto 17A)”, relatou Willian.


Foto 18“No porta malas do lado direito, há um subwoofer instalado e na posição em que está aparenta apresentar dificuldades para a troca de lâmpadas, porém acessando a região isso não se confirma. Achei bem fácil. Recomendo ter cuidado com os encaixes que são relativamente frágeis e, mal manuseados, podem quebrar (Foto 18)”, relatou Willian.

PEÇAS

Sobre este item, que corresponde a um dos maiores problemas encontrados pelos reparadores no dia a dia das oficinas, Willian comentou: “Tenho encontrado a maioria das peças para estes carros nas concessionárias, apenas. Como possuem uma plataforma parecida com outros modelos da marca, o compartilhamento de peças também é bem comum. Porém, alguns componentes do sistema de injeção eu tenho dificuldades em encontrar e, quando achamos, o preço é bem salgado. Cito como exemplo o módulo do medidor do nível de combustível do tanque. Temos trocado com certa frequência este componente porque costumam apresentar perda de sinal. Não sabemos ao certo o motivo, mas acredito que a fadiga seja causada pelo uso mesmo e somente substituindo a peça o defeito é solucionado”, disse Júlio.

“Dessa maneira, minha rotina de compra fica em 60% nas concessionárias, pois na grande maioria das vezes, as peças de manutenção comum são mais baratas e possuem melhor qualidade e isso também evita que tenhamos retrabalhos. No mais, compro 20% em autopeças e os outros 20% em distribuidores”, completou Julio.

“Com relação às informações técnicas para estes veículos, Willian acrescentou: “Na grande maioria das vezes eu crio meu próprio banco de dados com o que acabo aprendendo na raça mesmo. Conseguir informações técnicas não é nada fácil. No início, interpretar os sistemas eletrônicos como o da rede can acabaram gerando muitas dúvidas que não foram respondidas aos reparadores. Porém, agora verifico que a Volkswagen esta se preocupando um pouco mais, mas ainda acho muito pouco mesmo. Assim, o que não conseguimos com a experiência acabamos recorrendo à outros amigos reparadores que possam nos ajudar”, finalizou Julio.

VEREDICTO

Se seu desejo é reviver o saudosismo de guiar um Fusca, mas não dispensa todo o luxo e privilégio que as tecnologias atuais têm a oferecer, este lançamento da Volkswagen é a pedida certa.

Potente, bonito, confortável e teve aprimoramentos no conjunto de suspensão se comparado ao New Beetle, sem contar que o emprego do câmbio DSG fez do carro ainda mais agradável de guiar.

Um ponto ainda falho da montadora é com relação ao tipo de fixação dos faróis. O emprego destas travas frágeis e inseguras deixarão muitos proprietários e reparadores de ‘cabelos em pé’.

O grande segredo para ‘se dar bem’ com estes carros é ter uma oficina bem equipada. Possuindo os equipamentos de diagnósticos corretos, o veículo não apresentará grandes segredos e sua manutenção poderá ser feita com relativa facilidade.

DESEMPENHO

Aceleração de 0 a 100km/h

7,5s (G)

Velocidade máxima

223km/h (G)

MOTOR

Cilindrada

2.0 TSI

Potência líquida máxima

200cv (G) - 5.100rpm

Torque líquido máximo

28,5kgfm (G) - 1.700rpm

FREIOS

 

Dianteiros

Disco ventilado

Traseiros

Disco

PRINCIPAIS DIMENSÕES

Comprimento

4.278 mm

Distância entre eixos

2.537 mm

Largura

2.021 mm

Altura

1.486 mm

PESOS

Em ordem de marcha

1.364 kg

Carga útil máxima

486 kg

COMPARTIMENTO DE CARGA

 

Compartimento de carga

310 l

DIREÇÃO

Direção

Hidráulica Servotronic

TRANSMISSÃO

Transmissão

Automático de 6 velocidades Tiptronic

RODAS E PNEUS

Rodas

7J x 17

Pneus

215/55 R17

RESERVATÓRIO DE COMBUSTÍVEL

Reservatório de combustível

55 litros

NÚMERO MÁXIMO DE PASSAGEIROS

Número máximo de passageiros

4

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