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Tendência de reduzir tamanho do motor domina hatch médio da Volkswagen

Amado por muitos, o VW Golf chega como opção na linha 2010 com o pacote de acabamento Sportline, aliado ao eficiente e simplificado motor 1.6

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Por Arthur Gomes Rossetti


Avaliação da Matéria

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O Volkswagen Golf foi projetado e lançado na Europa no ano de 1974. Ele inaugurou o segmento de “compactos rápidos”, visto a boa relação peso-potência do modelo. Na década de 80 houve a 1ª reestilização, com mudanças na carroceria e trem-de-força.

Em 1991 a 3ª geração estava disponível ao público Europeu e esta seria a futura 1ª geração Brasileira, o famoso “Golf quadrado” ou “do antigo” como é mais conhecido por aqui.

Ele desembarcou em nossas terras no ano de 1994 na versão GTi 2.0 8 válvulas aspirada, importada do méxico, assim como a posterior versão GLX 2.0. O modelo GL 1.8 vinha inicialmente da Alemanha.

Os números de vendas evidenciam que o Golf foi em todo o mundo um sucesso tão grande quanto o Fusca.

Em 1997 houve a 4ª reestilização na Europa, que chegou por aqui no ano seguinte. Como a Volkswagen ainda possuía grande estoque de peças para a montagem da versão antiga, ele foi comercializado até 1999. Era possível ver as duas gerações nas concessionárias da marca neste mesmo ano.

De lá para cá a maior mudança foi quanto aos motores, que passaram do 1.6 ao 1.8 Turbo e 2.0.

O modelo avaliado pelo Jornal Oficina Brasil pertence a 3ª geração brasileira (linha 2010), completamente diferente da 5ª geração européia.

O motor 1.6 surpreende na con­du­ção e apresenta simplicidade no momento da manutenção

Tendência de reduzir tamanho do motor domina hatch médio da Volkswagen
Externamente apenas um face-lift o difere da geração anterior

Impressões

O que mais chama a atenção de quem dirige o novo Golf 1.6 Sportline é referente ao acerto de motor, câmbio e suspensão. O equilíbrio do veículo durante as acelerações, aliado ao perfeito escalonamento do câmbio (com relações curtas) garante muito prazer na condução. Os bancos remetem ao esportivo GTi, com as laterais avantajadas, para evitar escorregadas nas curvas mais fechadas. Aliás, as estradas sinuosas podem ser consideradas como o habitát natural do modelo, pois o conjunto de suspensão firme e rodas aro 16” com pneus de 205mm de largura garantem toda a segurança, mesmo sob tocada mais esportiva.

Mercado

O preço das peças das versões antigas chega a superar o das versões mais novas devido à maioria serem importadas. Desde o ano de 2004 as vendas do modelo encontram-se em curva descendente, inclusive devido ao grande número de roubos na época citada. Uma boa opção no mercado de usados são as versões equipadas com rastreadores e as com câmbio manual. O Tiptronic de 5 marchas encontrado nos modelos GTi apresentou um grande histórico de problemas, segundo o Conselho Editorial do Jornal Oficina Brasil. Logo estas versões possuem desvalorização acima da média.

Para esta avaliação, levamos o Golf até a oficina Souza Car, pertencente ao engenheiro mecânico Júlio César Souza, na cidade de São Paulo no bairro da Vila Carrão.

Curiosidade: Além da alusão ao golfe (esporte) e ao status que ele representa, o nome do carro deriva originalmente da palavra “Golf-Strom” (corrente do Golfo), a corrente de ar quente e úmida que parte do Golfo do México, atravessa o Atlântico e ameniza o clima na Europa Ocidental.

Motor

A grande virtude da unidade avaliada é o motor 1.6 8v aspirado Total Flex pertencente a família EA 111. Ele entrega 101cv quando abastecido com gasolina e 104 com 100% de álcool. A principal característica deste projeto refere-se à tendência downsizing, que pode ser traduzido em: pouca cilindrada e alta eficiência. O consumo médio urbano conseguido durante 1 semana de testes, abastecido apenas com álcool, ficou na casa dos 6,5km/l, incluindo períodos de trânsito intenso (anda e pára). É uma boa marca se levarmos em consideração os mais de 1.200 kg totais (veículo mais o condutor). Em trajetos urbanos livres de trânsito a marca alcançada foi de 8km/l de álcool.

O elevado torque já está disponível a partir das baixas rotações. A apenas 2.500 rpm, a faixa máxima começa a surgir numa curva ascendente, mantendo-se estável até pouco mais de 4.000 rpm, faixa esta constantemente utilizada nas grandes cidades e estradas. Ele possui o bloco em ferro fundido, semelhante aos utilizados nos veículos Fox, família Gol e Pólo.

Uma virtude do modelo é o tamanho do reservatório de partida a frio. Ele possui capacidade pouco superior a 500ml de gasolina, o que se traduz em maior freqüência de abastecimento. O proprietário do veículo pode achar esta uma desvantagem, um desconforto, porém oriente-o que a necessidade de maior quantidade de abastecimentos é benéfica, pois a gasolina terá menor tempo para deterioração em função da baixa capacidade. De preferência, evite completar até a marca “máximo”.

Em testes práticos, funcionamos o veículo pela 1ª vez (logo cedo) com temperaturas que variaram de 14,5ºC a 17,5ºC, sem nenhum problema. Inclusive a unidade avaliada necessitou de abastecimento no reservatório durante o período de testes.

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Para evitar problemas de dete­rio­ração da gasolina, o reservatório de partida a frio com tamanho reduzido é bem-vindo

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Sistema de freios mostrou-se bem projetado para o modelo

As velas utilizadas deverão possuir a abertura do eletrodo massa na medida padrão de 0,8mm em relação ao eletrodo central. A fabricante Bosch disponibiliza o jogo através dos códigos F5DER2, F000 KE0 P30 ou SP30 e a NGK pelos códigos BKR7ESB ou ZFR6P-G.

Segundo o Conselho Editorial, o óleo lubrificante recomendado poderá ser o de viscosidade 5W40 API SL 100% sintético ou 10W40 API SM semi-sintético. No total são 4 litros incluindo o filtro de óleo. Opcionalmente o reparador poderá aplicar um óleo específico para motores flex, já disponível nas lojas de autopeças.

O sistema de arrefecimento requer a proporção de 40% aditivo e 60% de água desmineralizada, de base orgânica e coloração vermelha.

O cabeçote de 8 válvulas não oferece maiores preocupações no momento da remoção, visto o vasto espaço disponível para a manutenção no cofre do motor.

Transmissão

A relação de marchas utilizada na versão 1.6 avaliada mostrou-se perfeitamente adequada ao peso e tamanho do veículo, chegando a surpreender o condutor mais desavisado que tem a sensação de estar a bordo de um Golf 2.0 em baixos regimes de rotação.

Historicamente, as caixas de marchas mecânicas dos VW Golf não costumam apresentar problemas, ao contrário das automáticas disponíveis nas extintas versões 1.8 Turbo e atuais 2.0 aspiradas, que requerem manutenção preventiva a risca quanto à troca do fluído hidráulico, limpeza do corpo de válvulas e análise dos sensores quanto a estado de fixação e conservação.

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A suspensão dianteira e traseira apresentam facilidade na manutenção

A fabricante Luk disponibiliza o conjunto platô, disco e rolamento através do código 620 3034 00, a SACHS pelo código 6594. A fabricante Valeo não possui o produto para o Golf 1.6 modelo 2010.

Dica: O diâmetro externo do conjunto de embreagem do modelo avaliado é 200mm, diferente da versão 1.6 importada até o ano 2000 (motor 1.6 SR) que utiliza a de 215mm.

Dica: Sempre que substituir a embreagem, garanta o seu serviço e substitua também os atuadores mestre e escravo. O reparador poderá optar pelo original VW (comprado na concessionária) ou pela mesma peça na reposição independente, sob a marca SACHS código 84002 (kit mestre e escravo) ou separadamente 82002 (mestre) e 83001 (escravo). As demais fabricantes não apresentaram opções nos catálogos consultados.

O tempo médio do serviço gira em torno de 4:00 h.

Suspensão

Aqui está o ponto forte do carro. No quesito condução, o acerto do “rate” das molas (rigidez progressiva) está muito bem adaptado às condições de pavimento brasileiras, desde as ruas completamente esburacadas da cidade de São Paulo, até o asfalto liso das estradas privatizadas.

O reparador não encontrará dificuldades em conseguir as peças para o modelo, visto a grande oferta no mercado original (concessionária) e lojas de autopeças. Além desta facilidade, o conjunto é extremamente simples e de fácil substituição. O projeto do Golf não utiliza os multi-braços encontrados nos modelos Passat e Audi, que além de ter o preço unitário elevado, costuma apresentar folgas precoces em conseqüência do já citado pavimento brasileiro.

Os pneus Goodyear Excellence 205/55 R16 demonstraram um “casamento” perfeito com o ajuste da suspensão. Esta medida está cada vez mais comum em veículos de médio porte, não sendo difícil encontra-los nas revendedoras de pneus.

O acabamento emborrachado em algumas partes do painel pode descascar com o tempo. O botão de regulagem dos retrovisores elétricos apresentou problemas de mau contato na unidade avaliada

Freios

Os discos de freio dianteiros possuem dois sulcos com profundidade calculada. Quando eles “sumirem”, significa que a peça chegou ao final da vida útil.

As pinças de freio Lucas apresentam facilidade no momento da troca das pastilhas.

Conforto

O pacote Sportline possui praticamente todos os acessórios disponíveis na versão top de linha GT (e extinta GTi), com um acabamento requintado e moderno.

O destaque fica por conta dos bancos e volante, ambos com regulagem de altura e profundidade para o motorista.

O modelo avaliado possuía também o ar condicionado digital Climatronic e teto solar. Aliás, o teto solar disponível na linha Golf e Pólo é hoje o mais barato do mercado segundo o departamento de Marketing da marca. O acessório custa R$ 1.990,00.

Opinião do especialista

Segundo o engenheiro mecânico, consultor do Jornal Oficina Brasil e proprietário da oficina Souza Car, Júlio César Sousa, a Volkswagen conseguiu uma expressiva melhora no acerto geral do carro. “Sábado passado recebi dois Golfs na oficina, sendo um GTi Turbo e o outro um 2.0 aspirado. Do ponto de vista técnico, nenhum dos dois estava tão bom de andar quanto este 1.6”.

 

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