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O Seminário da Reposição Automotiva destaca como os movimentos vão influenciar a cadeia produtiva do aftermarket

Evento do aftermarket chega a sua 25ª edição abordando questões cruciais que vão impactar o mercado automotivo nos próximos anos

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Por Da Redação


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O evento ocorrido no dia 15 de outubro na Fecomercio-SP reuniu fabricantes de autopeças, distribuidores, varejo e oficina. Destacou os efeitos da digitalização, eletrificação, fintechs como nova solução de pagamentos, consumidores que desejam experiências e análise dos mercados norte-americano e brasileiro frente às novas tecnologias. 

Antonio Fiola, presidente do Sindirepa Nacional, enfatizou a importância do mercado de reposição no Brasil, que cuida 80% da expressiva frota, que em breve chegará a 60 milhões de veículos. Em sua opinião, tem uma grande representatividade, algo incomparável a outros países, e afirmou: “Mesmo com a eletrificação, continuaremos a consertar carros, claro que existem desafios para reparação até por se tratar de baterias de alta tensão. O modelo brasileiro do aftermarket é único, baseado em relacionamento, isso já é um ponto muito positivo”. 

Heber Carvalho, vice-presidente do Sincopeças-SP, falou do programa Rota 45, referência aos CNAE (Cadastro Nacional de Atividade Econômica), que visa promover capacitação, certificação e qualificação de varejos e oficinas independentes, iniciativa que envolve o Sindirepa-SP, Sincopeças-SP, IQA e Sebrae-SP. A proposta tem como objetivo promover conhecimento aos profissionais das empresas 

Presidente da Andap, Rodrigo Carneiro mencionou a importância do evento para o setor e acrescenta que o governo do Estado de São Paulo aventou a possibilidade da implantação da inspeção técnica veicular durante a abertura da Fenatran que ocorreu no dia anterior, algo que Dan Iocshpe, presidente Sindipeças, considera que faz todo o sentido, com a renovação da frota no programa Rota 2030. 

O Rota 2030 é o programa que define regras para a fabricação dos automóveis produzidos e comercializados no Brasil nos próximos 15 anos. Ou seja, é um conjunto de normas que passa a estabelecer o quanto as fabricantes instaladas no Brasil precisarão investir. E isso determina o quanto os modelos serão avançados, econômicos, seguros e de carona, quanto vão custar (mais ou menos caros).  

Elias Mufarej, conselheiro do Sindipeças e coordenador do GMA, revelou que o mais importante é exaltar a união do setor para enfrentar os desafios. “O ramo de atividade é importante, mas muito competitivo e a reposição apresentou crescimento mesmo diante de crises econômicas”, considerou. Também comentou sobre a necessidade de atualização dos negócios 

Grande parte da inovação não está baseada na tecnologia e sim no modo que a empresa se relaciona com os consumidores e produtos. Foi o que disse Valter Pieracciani na palestra. “O aftermarket automotivo transitando do produto para a experiência”, diretor da consultoria Pieracciani Desenvolvimento de Empresas, que conta com o Laboratório Brasileiro de Inovação no Varejo, há dois anos. 

Segundo o executivo, as bases da revolução do varejo são: atender consumidores diferentes, criar novas experiências para os consumidores, aplicar novas tecnologias e competir no mundo digital. 

A vulnerabilidade na segurança de dados, metodologia e qualidade dentro da manufatura foram os temas abordados no painel, ministrado por Bruno Neri, representante do Instituto de Qualidade Automotiva (IQA) e Danilo Lapastini, CEO da Hexagon Manufacturing Intelligence e contou com a participação de Antonio Fiola, presidente do –SP e Nacional , como mediador; Gerson Prado, da SK Automotive: Rodrigo Carneiro, da Mercadocar, e Silvio Cândido, da Peghasus. 

Bruno Neri ressaltou que, se ao chegar à rede CAN correta por meio das vulnerabilidades, é possível usar técnicas para obter controle do veículo a níveis dramáticos. 

“Os componentes eletrônicos já são o segundo maior causador de ações de recall no Brasil, mesmo com eletrificação de powertrain incipiente”, destacou Neri, mostrando ser um alerta ao processo de digitalização. Assim como os celulares, os carros precisam ainda mais de mecanismos e dispositivos de segurança, pois poderão impactar a integridade das pessoas.  

Sobre eletrificação, disse também que, segundo as estimativas, em 2030 aproximadamente um a cada quatro carros no mundo será elétrico. Mas, no Brasil, a evolução será diferenciada em função dos biocombustíveis. “Apesar de decrescente, o veículo a combustão ainda terá seu lugar”, afirmou. Falou também sobre os riscos da eletrificação veicular, perda, inadequação ou atraso da desaceleração, movimentação de direção incorreta, degradação da propulsão e da assistência, liberação não intencional de energia térmica e de alta voltagem. 

Gerson Prado, da SK Automotive, disse que, com o avanço da digitalização, a cadeia de valor do setor de reposição será alterada e que, junto com a telemática, mudará a maneira como se consome peças. Ressaltou ainda: quem mais corre risco são as marcas, pois o sistema decidirá qual peça será reparada. 

Com relação às oficinas, Silvio Cândido, da Peghasus, enfatizou que a concorrência será desleal. “Não conseguiremos chegar ao consumidor para vender a peça”. Disse também que, com a eletrificação, no futuro bem próximo, as empresas deverão ser certificadas, além do Rota 45. “Não há volta, o maior produtor de carros na China já está montando fábrica de bateria de lítio”. 

Do lado do varejo, Rodrigo Carneiro, da Mercadocar, foi otimista, mas com ressalvas. Afirmou que o varejo tem enorme capacidade de se renovar, mas o que o preocupa é a evolução tecnológica e a informação de qualidade. “Todos os elos devem produzir informação com qualidade”. 

Ao final, Gerson, da SK Automotive, falou que há alguns anos, a Europa e os Estados Unidos se organizaram e pressionaram o Parlamento e o Congresso para regulamentação das informações geradas, “Não vejo esse movimento no Brasil e isto é preocupante” finalizou. No Brasil o tema ainda é muito discutido e quem mais vai sofrer as consequências serão a marca e o reparador. 

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