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Check-up preventivo e periódico, a melhor maneira para evitar a falta de potência

Alguns problemas, se não forem resolvidos no começo, podem trazer consequências como a impotência sexual e perda de potência do motor. Veja nesta matéria essa curiosa analogia entre o homem e o carro

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Por José Tenório da Silva Junior


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Na área da saúde, um check-up consiste em fazer uma avaliação médica completa, associada a exames laboratoriais e radiológicos específicos, de acordo com a idade, sexo, histórico pessoal e familiar do paciente para a detecção de eventuais doenças ou problemas, desde os mais simples aos mais complexos.

O Check-up é de extrema importância para prevenir doenças por meio da informação e da realização de ações de prevenção, incluindo a vacinação, o estabelecimento de uma dieta equilibrada, orientações para parar de fumar ou consumir bebidas alcoólicas, além de dar ferramentas para a criação de uma rotina de atividades físicas e ainda conscientizar sobre a necessidade de realizar determinados exames que verdadeiramente possam propiciar o diagnóstico precoce de doenças com características assintomáticas, como o câncer que, dependendo do estágio em que se encontra pode ter maior probabilidade de cura.

Estudos realizados em todas as partes do mundo comprovam que, somente através do check-up preventivo é possível diagnosticar doenças já instaladas que ainda não se manifestaram, tais como, colesterol alto, diabetes e hipertensão, cujo tratamento terá impacto positivo na saúde e na qualidade de vida do indivíduo.

Por mais curioso que possa parecer, no automóvel, um Check-up preventivo, além de evitar problemas graves e dispendiosos, contribui com a redução da poluição do meio ambiente, evita acidentes e consequentemente, evita mortes.
Segundo matéria publicada no site G1 em 15/02/2017 14h:26, “um estudo inédito mostra que a poluição do ar matou mais de quatro milhões de pessoas em 2015. A maioria delas foi registrada na China e na Índia. A China e a Índia estão no topo da lista, com mais de um milhão de mortes atribuídas à poluição só em 2015. O Brasil aparece em 10º lugar, com mais de 52 mil mortes. Os cientistas explicam que a poluição mata por causa das micropartículas que ficam no ar e entram no corpo pela respiração” - É para se preocupar ou não?

Na matéria anterior dissertei sobre os equipamentos para diagnóstico de defeitos automotivos e de doenças clínicas, nesta, porém, o foco será voltado para a importância do diagnóstico precoce de doenças e problemas mecânicos e/ou eletrônicos que estejam em curso, mas, ocultos.

No ser humano um simples exame de PA (pressão arterial) pode identificar alterações na pressão - para mais ou para menos; nos dois casos os problemas decorrentes da alteração da pressão arterial, na maioria das vezes, trazem problemas graves e são assintomáticos, ou seja, não apresentam sintomas aparentes.

Relacionei apenas alguns problemas decorrentes da alteração da pressão arterial não tratada em tempo, para ilustrar o que pode ocorrer com o veículo que faz a manutenção preventiva.

Silenciosa, a hipertensão vai chegando aos poucos, sem que a pessoa perceba. Suas consequências, no entanto, são alarmantes. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a pressão alta é responsável por 45% dos ataques cardíacos e 51% dos acidentes vasculares cerebrais. E o número de hipertensos não para de crescer. Hoje, no Brasil, um em cada três brasileiros em idade adulta sofre com a pressão arterial elevada.

A Hipertensão é uma doença que pode estar presente em crianças, adultos e idosos, homens e mulheres de todas as classes sociais e condições financeiras. A “pressão alta” (como é conhecida popularmente) está relacionada com a força que o sangue faz contra as paredes das artérias para conseguir circular por todo o corpo. O estreitamento das artérias aumenta a necessidade de o coração bombear com mais força para impulsionar o sangue e recebê-lo de volta. Como consequência, a hipertensão dilata o coração e danifica as artérias.

Medindo a pressão arterial com um esfignomanômetro (foto 2) em repouso, os valores devem ser iguais ou abaixo de 14 por 9 (140mmHg X 90mmHg), acima desses valores o indivíduo é considerado hipertenso e  está propenso a apresentar  comprometimentos vasculares, tanto cerebrais, quanto cardíacos.

Foto 2

As principais doenças associadas à HTA, e por ela causadas, são:
acidente vascular cerebral; cardiopatia isquêmica, incluindo angina de peito, e do miocárdio e morte súbita; insuficiência cardíaca; aneurisma dissecante da aorta e insuficiência renal.

Sobre as complicações que a hipertensão arterial pode causar quando não é controlada de forma eficaz, chamo a atenção para o terror dos homens, a disfunção sexual, ou Impotência Sexual (foto 3).

Foto 3

Isso ocorre porque ao longo do tempo, a pressão arterial elevada prejudica o revestimento dos vasos sanguíneos e faz com que as artérias endureçam e sofram estreitamento (aterosclerose), limitando o fluxo sanguíneo no pênis.

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma das principais causas de disfunção erétil (DE), assim como diabetes e tabagismo. Aproximadamente 60% dos hipertensos apresentam DE (disfunção erétil), e a maioria dos portadores dessa doença possuem HAS (hipertensão artéria sistêmica).

Por mais estranho que possa parecer o termo, “impotência motriz”, trata-se de um problema comum e recorrente nos motores dos automóveis, e é sobre isso que quero chamar a atenção.

Vários fatores que podem provocar a perda de potência, desde problemas “físicos” como o desgaste da embreagem; “químicos”, relacionados a má qualidade do combustível, até problemas eletrônicos “virtuais”, relacionados a programação do software do sistema de injeção eletrônica.

Para exemplificar de forma análoga à HTA (hipertensão arterial) posso citar o excesso de pressão no sistema de arrefecimento.  Esse problema é comum e, muitas vezes imperceptível para o usuário do veículo, mas, pode ser fatal para o motor do carro.

A pressão do sistema de arrefecimento no pico da temperatura, ou seja, próximo de 100°C (foto 4) quando a ventoinha entra em funcionamento, não chega a (1bar). E quando ela desliga, na maioria dos carros, a pressão chega a zero. Porém, quando há um problema desse tipo (pressão alta), é comum que a ventoinha funcione por mais tempo que o normal e na segunda velocidade, que é bem mais forte e mais “barulhenta”. É perceptível quando o carro está no trânsito, ou quando estaciona na garagem, fique atento!

Foto 4

Trabalhando por um longo período com a pressão alta no sistema de arrefecimento, os componentes como mangueiras, bomba d’água, radiador e reservatório ficam suscetíveis a vazamentos. Além disso, o excesso de temperatura pode provocar a “queima” da junta do cabeçote, que permitirá a passagem da água do motor para a câmara de combustão (fig.05 B) ou vazamento de compressão de um cilindro para o outro, (fig.05 A) resultando em Perda de Potência do Motor.
Outro sistema que pode apresentar “pressão alta” é na parte de alimentação de combustível (entre a bomba de combustível e os bicos injetores).

Foto 5

A bomba de combustível convencional tem capacidade máxima de aproximadamente 7,0 bar de pressão (foto 6A). No entanto, esses sistemas trabalham em média com 4,0 bar de pressão. Quem faz essa regulagem de 7,0 bar para 4,0 bar é o regulador de pressão (Foto 6B) Logo, se a peça apresentar algum defeito e a pressão de trabalho estiver acima de 4,0 bar, haverá excesso de combustível passando pelos bicos, que resultará em funcionamento irregular, PERDA DE POTÊNCIA, aumento do consumo de combustível e de emissão de gases poluentes.

Foto 6

“Impotência” causada pelo cigarro e pela queima excessiva de óleo de motor

A nicotina é uma substância que estimula os hormônios cerebrais que provocam a contração rápida dos tecidos penianos. Quando os tecidos do pênis se contraem, o sangue das artérias não flui como deveria, gerando assim, ereções curtas e insuficientes para uma penetração.

O uso contínuo e prolongado do cigarro pode provocar entupimento dos vasos sanguíneos que levam o sangue até o pênis (foto 7). Sem a quantidade adequada de sangue, a ereção não ocorre ou ocorre de maneira ineficiente, levando à impotência sexual (foto 8).

Foto 7 e foto 8

Por isso, para aqueles que fazem uso contínuo do cigarro e não querem ou não conseguem parar, o melhor é fazer Check-up Preventivo de forma periódica para afastar o quanto antes o “fantasma” da impotência sexual.

No automóvel, quando há queima excessiva de óleo de motor, costuma-se dizer, no jargão popular, que o motor está “fumando”.

Naturalmente, os motores de combustão interna tendem a consumir óleo. De acordo com a maioria dos fabricantes de veículos, em média, um motor pode consumir de 300 ml até 1000 ml a cada 1.000 km, porém, nem todos os motores apresentam esse consumo. No entanto, com o passar do tempo, ocorrerá o aumento de consumo de óleo, seja pelo desgaste natural ou prematuro dos anéis, dos cilindros e dos retentores de válvulas.

Nota: o consumo de óleo varia de motor para motor. Porque depende do projeto, da forma que o carro é utilizado e principalmente da forma que o motor foi “amaciado”.

O desgaste dos anéis e dos cilindros, além de permitir a passagem excessiva de óleo para a câmara de combustão, faz o motor perder compressão, tornando-o “fraco”, ou seja, sem potência.

A fumaça resultante da queima excessiva do óleo de motor (foto 9), além de poluir o ar que respiramos, contribui para o efeito estufa e danifica a sonda lambda (importante sensor do sistema de injeção eletrônica) e o catalisador, fazendo com que o motor perca potência.

Foto 9

Nesse caso um check-up preventivo pode identificar a necessidade de reparo antes mesmo do problema se tornar grave.

A perda de potência do motor também pode ser atribuída à carbonização na câmara de combustão, coletor de admissão e válvulas – conforme matéria publicada em fevereiro de 2017 “Infarto do Miocárdio – A incrível semelhança entre o colesterol ruim e a formação de borra no motor”.

Velas e cabos de velas são grandes vilões da perda de potência do motor. Em geral, quando essas peças chegam ao final de sua vida útil ou são agredidas por algum agente externo, o motor fica fraco e falhando. Contudo, esse problema pode ser evitado facilmente com o ckeck-up preventivo. Isso porque, para essas peças há uma estimativa de vida útil por quilometragem. No caso das velas, além dos quilômetros rodados é possível fazer uma avaliação visual retirando-as do motor; já os cabos de velas, além da inspeção visual, é possível medir a resistência com um equipamento simples, chamado “multímetro”; se a resistência estiver fora dos parâmetros, os cabos devem ser substituídos.

Dica para o Reparador automotivo: uma das melhores ferramentas administrativas que uma oficina pode ter é o cadastro do cliente e histórico de serviços realizados. Cada vez que o cliente retornar à oficina, seja qual for o motivo que o levou, verifique no histórico quais peças foram trocadas nas últimas manutenções, o tempo e quantos quilômetros o carro percorreu. A partir dessas informações será possível ORIENTAR o cliente sobre a necessidade da manutenção preventiva.

Num check-up preventivo não se pode deixar de dar atenção às condições da embreagem, porque se houver um desgaste excessivo no disco da embreagem (foto 10) haverá perda gradativa de “força”, até atingir a totalidade ao ponto de o carro não sair do lugar.

Foto 10

Ao contrário do que muitos pensam, quando se tira o pé do pedal de embreagem, ela continua funcionando. E o principal papel desse importante componente é o de transmitir a força do motor para o câmbio que, por sua vez, transmite às rodas. A outra função da embreagem, não menos importante, é de “desligar” o motor do câmbio (quando acionada), para permitir o engate suave das marchas.

Dica prática: quando a embreagem está desgastada demais, nota-se que o pedal da embreagem fica cada vez mais “alto”. Ou seja, o motorista precisa tirar quase totalmente o pé do pedal para o carro sair; enquanto numa embreagem boa, ocorre o contrário disso – basta tirar um pouco, o pé do pedal, para o carro arrancar.

Voltando à nossa analogia, considero relevante citar a “disfunção erétil” derivada do estresse físico e psicológico provocado pela tensão da vida cotidiana superatribulada que provocam a diminuição das substâncias químicas que agem positivamente no organismo, como hormônios, neurotransmissores e sais minerais, o que acaba gerando problemas de saúde desde dores de cabeça, dores musculares, até depressão.

Considerando que a ECU (Unidade de Comando Eletrônico) (foto 11) é o cérebro do sistema de injeção eletrônica, posso “brincar” dizendo que um problema “psicológico” do sistema eletrônico pode afetar seriamente a potência do motor.
Vou explicar melhor: não é incomum um carro apresentar algum tipo de falha na programação do software do módulo de injeção eletrônica (ECU), seja por defeito de algum componente eletrônico ou mesmo por um erro do próprio fabricante do veículo no momento de calibrar o software.

Foto 11

Independentemente da origem do defeito, o fato é que certamente essa falha poderá comprometer a potência do motor, havendo então, a necessidade de reprogramação da ECU.

Nota: existem muitos carros que têm sua potência aquém do normal e o dono do veículo não sabe que o carro deveria ter passado por um “recall”. Nesse caso, uma simples reprogramação poderá deixá-lo com toda potência que lhe é de direito.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As analogias apresentadas, num primeiro momento, podem parecer apenas curiosas, mas ilustram a importância de prever algo factível que pode ser tão dispendioso quanto fatal.

Num passado não tão distante, tanto na área da saúde quanto no segmento automotivo, o check-up preventivo ficava sempre em segundo plano, apesar da latente necessidade, havia a falta de informação e de recursos. Hoje, com o acesso à informação, o surgimento de novas tecnologias e o considerável avanço em equipamentos e pesquisas, os benefícios do ckeck-up preventivo ficaram mais palpáveis e acessíveis.

Portanto, como dizia minha Mamãe, “não deixe para amanhã o que se pode fazer hoje”. Procure um profissional capacitado e faça um check-up!

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