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Dores nas articulações? Barulho na suspensão? Procure um especialista, pode ser coisa séria!

Problemas nas articulações do corpo humano ou da suspensão do carro podem ter diagnóstico complexo, porém, devem ser eliminados antes que eles se tornem um risco à saúde ou mesmo à vida

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Por José Tenório da Silva Júnior


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Foto 1 | ATM - Articulação temporomandibular

Acredito que no corpo humano as partes mais suscetíveis à ação do tempo, práticas físicas indevidas e/ou inadequadas, são as articulações. Digo isso, não por conhecimento profundo do assunto, mas, por acreditar em alguns estudos, pela minha própria percepção e até pela lógica.

As articulações são estruturas complexas incluindo, além das extremidades ósseas, cartilagem, membrana sinovial, ligamentos, tendões e bursas, e é graças a elas que conseguimos nos mexer. As articulações se movimentam constantemente, de modo que problemas não são incomuns nessas regiões.

Ao mesmo tempo em que se mostram resistentes, as articulações existentes no corpo humano são frágeis. Ora, sustentar o peso do corpo, flexionar milhares de vezes durante um único dia e suportar os impactos ocasionados em diversas circunstâncias, são funções básicas das articulações que, na maioria absoluta dos casos são cumpridas com êxito por anos a fio, por isso, classifico como resistentes.

Em contrapartida, basta uma pisada em falso para provocar uma fratura no tornozelo; que é uma articulação bem estável que une as pernas aos pés - daí a classificação “frágil”.

Independentemente de ser frágil ou resistente, o fato é que ao longo do tempo, além do desgaste natural, algumas coisas podem contribuir para o surgindo de dores e ruídos nas articulações do corpo. Um exemplo é quando você abre a boca durante um bocejo e o maxilar dá um estalo; isso pode ser um indício de desgaste na articulação que liga o maxilar ao crânio, denominada ATM (articulação temporomandibular). (foto 01)

Essa articulação (ATM) é uma das mais complexas do corpo humano, responsável por mover a mandíbula para frente, para trás e para os lados. Qualquer problema que impeça a função ou o adequado funcionamento deste complexo sistema de músculos, de ligamentos, de discos e de ossos, pode causar um estalo ao abrir a boca e até o travamento da mandíbula por um instante.

São várias, as causas possíveis para os problemas relacionados a essa importante articulação, além de doenças, lesões e traumas na articulação, seu mau funcionamento também pode ter origem em alguns hábitos e comportamentos, como o bruxismo (condição que a pessoa range constantemente os dentes), roer as unhas, mascar chicletes, segurar o telefone com a cabeça, postura inadequada e até reações ligadas ao estresse, ansiedade ou depressão.

Os principais sintomas de uma disfunção da ATM são dores faciais, de cabeça, no pescoço e nos ouvidos, principalmente quando agravadas pelo fechamento da mandíbula, estalos e dores ao abrir e fechar a boca e dificuldades para realizar o fechamento dos dentes para morder e rasgar alimentos. Por isso, após os primeiros sinais de que algo não está bem, o melhor a fazer é procurar um especialista para que ele possa fazer todos os exames necessários a fim de descobrir a causa do problema e assim, definir o tratamento adequado, sob risco de complicações futuras.

De modo geral, quando a dor nas articulações não é tratada, uma inflamação pode evoluir para doenças graves. Diferente do que se pode imaginar, não é somente a terceira idade que precisa ficar atenta, as dores nas articulações podem atingir qualquer faixa etária. Se as articulações começarem a doer sem motivo aparente, uma das principais recomendações médicas é aplicar calor ou gelo para aliviar a dor. Caso a dor não diminua, o ideal é sempre consultar um médico para determinar se existem problemas mais sérios.

Dor nas articulações é muitas vezes resultado do dano que ocorre através de desgaste normal ou um sinal de uma infecção.

Como a dor nas articulações é diagnosticada?

Existem meios e métodos diferentes para o diagnóstico, dentre eles:

• O médico pode realizar um exame físico;

• Ele também irá fazer uma série de perguntas ao paciente sobre a dor nas articulações. Isso poderá ajudar a diminuir as possíveis causas;

• Um raio-X pode ser necessário para identificar possíveis lesões;

• Um exame de sangue poderá ser feito para identificar certas doenças autoimunes;

• Eles também podem executar um teste de velocidade de sedimentação para medir o nível de inflamação no corpo.

Assim como nos seres humanos, os carros também sofrem desgaste prematuro ou natural pela ação do tempo, por uso inadequado e/ou exagerado. Estou me referindo às articulações do sistema de suspensão, direção, transmissão, etc. Ou seja, tudo que liga as partes móveis às fixas.

A maior parte das articulações está relacionada à suspensão (foto 02), que é o nome do conjunto de peças interligadas que promovem sustentação ao carro, absorvem os impactos gerados pelas irregularidades do solo, proporcionando estabilidade e conforto aos ocupantes do veículo.

Foto 2

A definição é simples, mas, as peças que tornam isso tudo possível formam um conjunto extremamente complexo, o que torna o diagnóstico dos problemas relacionados, um trabalho técnico, minucioso e às vezes, bem trabalhoso.

São várias buchas de borracha, articulações com pinos esféricos do tipo pivô e terminais de direção; amortecedores e seus batentes; molas e seus calços; articulações dos eixos que trabalham em vários ângulos transmitindo a força do motor para as rodas, como as juntas homocinéticas e juntas deslizantes. Além destas, existem outras, mas, neste caso não convém citá-las. O importante é saber que, assim como as articulações do corpo humano, as peças do automóvel que trabalham fazendo movimentos angulares, ao longo do tempo, inevitavelmente sofrerão desgaste provocado pelo uso contínuo, pelo “sedentarismo” ou pelo uso inadequado.

• Uso contínuo provoca desgaste por fadiga, que é inevitável;

• Sedentarismo - provoca ressecamento dos lubrificantes, e consequentemente os problemas relacionados à falta de lubrificação;

• Uso inadequado é quando um carro de passeio está sendo utilizado para carga ou quando o motorista não tem cuidados, passa em buracos e lombadas sem reduzir a velocidade, ou mesmo parar.

Dos componentes que compõem a suspensão, citados anteriormente, destaque para os amortecedores, pivôs e terminais de direção por apresentarem alto índice de ocorrências devido à falta de manutenção. Veja abaixo a função de cada peça e os principais problemas:

Amortecedores (foto 04): são responsáveis por controlar o movimento das molas mantendo as rodas em maior contato com o solo possível, garantindo assim, a estabilidade e conforto necessário, podem ser do tipo estrutural ou de “cartucho”. Os principais defeitos são: vazamento de óleo, perda de ação e folgas axiais e radiais.

Atenção! Qualquer defeito que o amortecedor venha a apresentar, o risco de acidente é iminente!

Pivô (foto 05): é uma das peças mais importantes para a segurança do veículo, é ele quem faz a ligação entre o chassi e o conjunto da suspensão, possibilita o movimento em todos os sentidos, e suporta o impacto transmitido pela roda. Além disso, recebe grandes cargas e esforços durante a aceleração, frenagem e curvas. Se ele quebrar a roda fica solta, bate no para-lama, trava e o motorista perde o controle do carro.

Terminal de Direção (foto 06): o terminal de direção faz parte do sistema de direção, é ele que transmite o movimento do volante para as rodas.Se ele quebrar, o motorista perde o controle da direção do veículo.

Nota: uma simples folga no pivô ou no terminal de direção compromete a dirigibilidade, estabilidade do veículo, provoca desgaste irregular dos pneus e ruído na passagem em pequenas ondulações na pista ou na frenagem. Em casos mais graves, podem quebrar, fazendo com que o motorista perca totalmente o controle do carro.

Baseado nestes problemas reais que comprometem a segurança dos ocupantes do veículo e também de terceiros, reforço a importância da manutenção preventiva, que é facilmente executável.

Dicas de manutenção preventiva da suspensão

1 - Quando ouvir algum barulho fora do normal peça para o seu reparador de confiança verificar.

2- A cada seis meses, ou quando for trocar o óleo do motor, aproveite a oportunidade para fazer uma rápida e prática verificação visual nos principais itens da suspensão. Desta forma será possível identificar pequenas folgas que ainda não são perceptíveis ao dirigir.

3 – Identificado o problema, veja o grau de urgência e programe o reparo.

Nos seres humanos, quando há um problema em alguma articulação, os primeiros sintomas não demoram a aparecer, logo surge uma dor ao flexionar os joelhos (foto 07), estalos no maxilar durante um bocejo ou mastigação, etc.

Foto 7

No carro, nem sempre é possível perceber o início do problema, porém, a partir de uma pequena folga o risco de quebra do componente e, consequentemente de um acidente, é iminente. Com o agravamento do problema os sinais vão ficando gradativamente mais perceptíveis, principalmente quando passa em irregularidades na pista, nas manobras, arrancadas, freadas, etc.

Apesar dessas sutis diferenças na percepção dos problemas relacionados às articulações, pode-se dizer que no processo de diagnóstico, os “mecanismos” se igualam. Tanto os profissionais da saúde quanto os Reparadores automotivos precisarão utilizar tempo, equipamentos, técnicas e procedimentos que seguem uma ordem lógica para o diagnóstico de um problema que esteja interferindo no funcionamento da “máquina”.

Quando a pessoa procura um médico para diagnosticar a causa de uma dor, ela paga uma consulta e os exames para saber o que é e qual o tratamento necessário, sem nenhum problema.

No caso do carro, quando a pessoa recorre a uma oficina para verificar a origem de um barulho na suspensão, mesmo sabendo que vai ocupar o tempo da pessoa, utilizar o espaço, a estrutura da oficina, os equipamentos e, sobretudo, o conhecimento do profissional, ela chega pedindo: “dá pra dar uma olhadinha?”

O problema é que, implícita à frase “dá pra dar uma olhadinha”, está a percepção de que o trabalho que se realiza pra descobrir a origem do barulho, não tem valor monetário. O que a pessoa realmente quer, é saber qual é o problema e quanto vai custar, para decidir quem vai consertar o carro.

Nota: em muitos casos, gasta-se horas para diagnosticar um barulho oriundo da suspensão e, minutos para a resolução do problema.

Com o propósito de tentar esclarecer sobre essa errônea percepção de valor, exporei os elementos que formam condição sine qua non para identificar um “barulhinho”:

• É necessário possuir um elevador ou um macaco hidráulico para levantar o carro. O elevador além de utilizar energia elétrica, precisa de manutenção e oferece risco de danificar o carro, caso ocorra algum problema (o que geraria um custo enorme para a empresa);

• De nada adianta levantar o carro pra olhar, se não entender nada daquilo que está vendo. Por isso, o conhecimento técnico adquirido na teoria ou na prática, é fundamental para o correto diagnóstico;

• Em alguns casos quando o problema não é visível, há a necessidade de desmontar algumas peças para tornar possível a visualização da peça danificada;

• Todo esse trabalho exige tempo, e tempo dentro do ambiente empresarial / comercial, é dinheiro;

• Um diagnóstico preciso torna o trabalho eficaz, mais rápido e com menor custo. Por outro lado, um diagnóstico errado não irá resolver o problema da primeira vez e certamente será mais dispendioso.

Dicas para evitar problemas prematuros:

Articulações do corpo humano – Controle o peso; faça exercícios; a ingestão de alimentos ricos em cálcio e vitamina D, como leite e seus derivados, couve e espinafre, mantém a densidade dos ossos e evita problemas como a osteoporose; não fique o tempo todo sentado; não fume; dê um descanso para os pés ficando um tempo sem salto alto e alongue-se com frequência.

Articulações da suspensão - evite passar rápido sobre as lombadas e valetas; não exceda o peso que o carro suporta. E quando estiver pesado, dirija com mais cautela; rodas desbalanceadas provocam vibrações que prejudicam a suspensão; revise a suspensão a cada seis meses e troque as peças que estiverem avariadas, logo no início do problema.

Conclusão

Nesta rápida analogia, percebe-se a grande semelhança entre as articulações do corpo humano e da suspensão de um carro. Em ambos os casos a prevenção novamente se faz necessária tanto para a manutenção da saúde quanto para a preservação da integridade física, minimizando o risco de acidentes.

Outro ponto observado é a forma de diagnóstico, que, apesar de seguir procedimentos parecidos e utilizar alguns elementos em comum para detectar problemas nas articulações humanas e automotivas, estes são percebidos de forma diferente. Contudo, vale ressaltar que a percepção de valor deve partir do profissional e ser transmitida àquele que solicita os serviços. Isso porque, em alguns casos (não raros), diagnosticar um problema pode ser a parte mais demorada, mais técnica e mais cara do processo.

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