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Saúde em foco! A necessidade e a importância da manutenção preventiva

A evolução dos tempos - Da manutenção corretiva à preventiva, veja a semelhança entre a manutenção da saúde humana e da “saúde “ do carro. Uma breve Introdução à série “Meu carro minha vida”.

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Por Dr. Reparador José Tenório da Silva Junior


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No início da década de 80 quando eu ainda “engatinhava” no chão da oficina mecânica de propriedade do meu pai e da minha mãe, que também era mecânica, a manutenção praticada nos veículos era a corretiva; isso porque a mecânica dos carros da época era muito simples e o acesso à informação técnica era restrito aos mecânicos das concessionárias. Exatamente por esses dois motivos (simplicidade e dificuldade de acesso à informação técnica) as pessoas que tinham afinidade com o ofício e se dispunham a aprender, o faziam praticando, com erros e acertos. Logo, não tinham a cultura da manutenção preventiva. A troca de óleo por exemplo, era um procedimento extremamente mecânico, ou seja, não exigia conhecimento técnico para realizar a tarefa. 

Porém, no início dos anos 90 foram estabelecidas novas exigências para a diminuição da poluição ambiental causada pelos motores dos automóveis, e para atender a tais exigências foi necessário mudar radicalmente o projeto dos motores, que passaram a trabalhar com temperaturas mais altas e girando muito mais rápido (motores a gasolina, acima de 90°C e rotações maiores que 5.000 rotações por minuto), e os lubrificantes que existiam não suportavam essas condições, foi aí que começou a evolução dos lubrificantes. 

Como dizia o filósofo grego Heráclito, “tudo o que existe está em permanente mudança ou transformação” e na mecânica não é diferente. Em 1992, com a abertura do mercado brasileiro para as importações e a chegada dos carros importados contendo novas tecnologias, o velho carburador perde espaço para o moderno sistema de injeção eletrônica e o antigo conceito de manutenção corretiva começou a mudar, surge então, a MANUTENÇÃO PREVENTIVA. Houve até uma exemplar iniciativa do jornal Oficina Brasil, intitulada “Trate seu carro como um avião”, que deu uma grande contribuição para a mudança cultural, você se lembra?       

O conceito da manutenção preventiva é o mesmo utilizado na aviação que, aliás, compara-se à medicina preventiva, em que a negligência e a omissão podem causar sérios danos à vida e consequências dispendiosas. Hoje, século XXI, infelizmente ainda há um longo caminho a ser percorrido para atingirmos níveis mais altos de conscientização acerca da prevenção, seja da saúde ou da manutenção do carro. Essa realidade se confirma quando observamos os números de mortes por câncer de próstata. Uma publicação no site de notícias Uol (03/11/2016  10:08) aponta o câncer de próstata como a segunda maior causa de morte entre homens no Brasil. Segundo dados do INCA (Instituto Nacional do Câncer), foram diagnosticados 61 mil novos casos e 13 mil mortes no ano de 2016 no Brasil. De acordo com o INCA, diagnosticar a doença em fase inicial possibilita que o tratamento tenha êxito em 9 entre 10 casos. 

Nesse mesmo sentido, podemos observar diariamente a quantidade de carros parados nas ruas por problemas mecânicos, provocando congestionamentos e acidentes. “Uma Pesquisa realizada pelo Instituto Scaringella Trânsito aponta que a falta de manutenção preventiva dos veículos está relacionada a cerca de 30% dos acidentes urbanos e rodoviários no Brasil. A conclusão é que a falta de manutenção triplica os riscos”, diz a publicação do site Portal do Trânsito (08/10/2016 08:48).

Nesta sessão “Meu Carro minha Vida”, farei um paralelo entre manutenção e medicina preventiva, com dicas de procedimentos e abordagens assertivas visando à prevenção de problemas mecânicos, bem como dicas para resguardar o Reparador de possíveis ações legais por omissão e eventuais negligências.

Vamos começar por um componente que é vital para a vida do motor, o óleo lubrificante.

Com o avanço tecnológico os motores ficaram mais potentes, mais econômicos e menos poluentes. Para tanto, como citado no início do texto, foram necessárias mudanças na temperatura de trabalho do motor, rotação por minuto (RPM), taxa de compressão e folgas internas, o que exigiu a utilização de lubrificantes específicos e de alta performance para cada tipo de motor.

No corpo humano a alimentação inadequada e o sedentarismo são, entre outros, fatores que contribuem para o entupimento das veias arteriais que, ao longo do tempo, podem desencadear doenças e, sobretudo, infarto.

Foto 2
No carro não é diferente: o uso de combustível adulterado, lubrificante não especificado, longo período sem trocar o óleo sob uso em condições severas podem provocar problemas de entupimento do pescador da bomba de óleo (Foto 2), dos dutos de óleo, causando insuficiência de lubrificação e consequentemente danos por desgaste prematuro em diversos componentes móveis e fixos do motor (Fotos 4 e 5), até a parada total do motor por travamento.

Foto 4
Foto 5
Nos exemplos citados no texto, a correta manutenção e a prevenção, como um exame da próstata e limpeza/ substituição do pescador e/ou da bomba de óleo (foto 03), podem garantir ótimas condições de funcionamento e vida longa, tanto para a “máquina” humana como para o motor do carro. 

Foto 3
Portanto, antes de trocar o óleo do seu carro, consulte o manual do proprietário para verificar as especificações corretas e procure um profissional qualificado que lhe transmita as informações e orientações necessárias para manter a manutenção em ordem, evitando assim, despesas desnecessárias e contratempos embaraçosos.

Veja na próxima edição as recomendações sobre os tais “alimentos” e ações preventivas para evitar ou reduzir as possibilidades da parada súbita do “coração” do seu carro. 

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