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Sensor de temperatura do motor, como evitar os micos no diagnóstico

Nesta matéria trazemos algumas dicas de como evitar erros em diagnósticos do sensor de temperatura do óleo motor, que é responsável pelo envio de informações importantes para o sistema de injeção eletrônica

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Por Paulo José de Sousa


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Todo mundo sabe que as falhas no sistema de injeção eletrônica podem ocasionar problemas no funcionamento do motor.

Algumas tentativas de consertar a motocicleta baseadas somente na intuição do mecânico podem acrescentar mais defeitos ou até ocultar a verdadeira causa da pane.

O sensor de temperatura do óleo do motor é uma peça fundamental na injeção eletrônica, o componente faz parte de um conjunto de itens responsáveis pela formação e ajustes da mistura de combustível que alimenta o motor. Outra função essencial é facilitar a partida a frio, já que no sistema não há afogador.

Além da prática, a teoria ajuda o reparador a evitar “os micos”  na identificação de defeitos ocasionados por falhas no sensor de temperatura do motor.

Motocicletas equipadas com o sistema de injeção eletrônica são comuns há algum tempo. São poucos os reparadores que não foram confrontados com algum tipo problema, sejam eles de natureza elétrica ou eletrônica. São muitos sintomas de mau funcionamento atribuídos a um ou outro defeito no sensor de temperatura.

O funcionamento irregular do motor pode conduzir o pensamento do reparador a uma tomada de decisão equivocada para a solução da anomalia. Decidir sob pressão baseado em palpites nem sempre dá certo. Conhecer o funcionamento do sensor é fundamental para a realização de um diagnóstico objetivo, rápido e certeiro, dito isto nossa análise será focada nas motocicletas arrefecidas a ar. 

O sensor de temperatura do motor também é conhecido como sensor EOT (Engine Oil Temperature), o componente recebe outras nomenclaturas definidas pelos diversos fabricantes de motocicletas. Um termo pouco usual na oficina de motocicletas é entender o medidor de temperatura como um tipo de “transdutor”.

Em uma definição popular para o “transdutor” podemos entender como: “um dispositivo que transforma um tipo de energia em outro tipo”, em nosso caso, o componente absorve o calor do óleo do motor e transforma em sinal elétrico.

O sensor está posicionado estrategicamente na parte traseira do cabeçote, o ponto de instalação é um dos locais mais aquecidos do motor. Na maioria dos casos, a tomada de temperatura do lubrificante ocorre durante o fluxo de retorno ao cárter. 

Remoção do Sensor

O sensor tem vida longa, mas a durabilidade do componente depende exclusivamente dos cuidados e manutenções da motocicleta. Ao substituir a peça troque o anel de vedação. Antes de instalar, limpe a rosca e aplique o torque de aperto recomendado.

O mau funcionamento da motocicleta ocasionado por defeitos no sensor - Os sintomas de mau funcionamento causam incômodos ao cliente, mas podem ser convertidos em informações preciosas para a detecção do defeito da motocicleta. Por isso, recomendamos que inicialmente no planejamento a linha de raciocínio do diagnóstico deve ser baseada nos relatos descritos pelo usuário da motocicleta.

Sintomas mais frequentes que podem indicar uma falha no sensor:

• Marcha lenta irregular; 
• Cheiro de combustível saindo pelo escapamento;
• Maior emissão de poluentes;
• Vela de ignição contaminada (carbonizada);
• Potência do motor abaixo do esperado;
• Dificuldade na partida com o motor frio;
• Falhas no funcionamento do motor;
• Consumo excessivo de combustível.

Nota: A motocicleta pode apresentar os sintomas descritos acima, porém a(s) causa(s) pode(m) estar em outros componentes, falhas nas conexões do sensor, fiação ou módulo eletrônico do motor (ECU/ECM).

A importância da temperatura para o motor e o objetivo da coleta desses dados - Durante o funcionamento do motor, o sensor é previamente alimentado por uma tensão de aproximadamente 5 Volts vinda do módulo de controle do motor (ECM/ECU).

Como falamos acima o sensor transforma os valores de temperatura do óleo do motor em sinais elétricos. O módulo eletrônico não teria como diagnosticar a temperatura se não fosse o sensor que atua como um “termômetro”. Todas as informações servirão de parâmetros para o módulo gerenciar o funcionamento da ignição e ajustar a dosagem de combustível no motor, por isso o sensor de temperatura é de vital importância no sistema de injeção eletrônica. 

Evidentemente que no gerenciamento eletrônico o módulo do motor realizará o processamento das informações considerando outros parâmetros fornecidos pelos demais sensores do sistema de injeção eletrônica.

O perfeito funcionamento irá assegurar: um funcionamento redondo do motor, economia de combustível, redução na emissão de poluentes, maior potência e durabilidade ao motor.

Partida a frio 

Em temperaturas baixas o tempo de injeção é prolongado, pois há uma ligeira perda de combustível injetado devido a sua condensação no coletor do motor, que é a transformação do combustível atomizado em combustível líquido, impedindo assim a formação da mistura adequada ar/combustível, o que dificulta a partida, por isso o suprimento extra de combustível é necessário para compensar a perda.

À medida que o motor é aquecido, o cérebro do motor reduz o tempo de injeção, e após atingir a temperatura ideal de funcionamento, o motor permanece ainda sendo monitorado com o objetivo de assegurar o volume ideal do combustível injetado no motor.

Autodiagnóstico do sensor de temperatura do motor - Algumas panes no sensor de temperatura do motor serão detectadas pela central eletrônica da motocicleta. A estratégia do autodiagnóstico é informar o usuário que algo não vai bem no funcionamento do motor.

Em algumas motocicletas a indicação de defeito no sensor EOT se dá por meio de piscadas na luz de injeção. A lógica correspondente aos modelos Titan/Bros 150 são “7” piscadas, nas motocicletas Fazer/Lander são ¨28” piscadas por meio da luz de anomalia do painel da motocicleta. 

Nos modelos mais modernos a luz indica que há um defeito presente, no display de cristal líquido do painel da motocicleta aparecerá o código do defeito correspondente. Em ambas as condições o motor permanece funcionando. 

Tanto o autodiagnóstico por meio de sinal luminoso quanto o código de defeito devem ser entendidos como indicadores iniciais para o planejamento do diagnóstico. A codificação do defeito dada pelo autodiagnóstico pode sugerir a troca do sensor de temperatura, mas nem sempre isso será o correto, o sensor pode estar em perfeito estado. 

A “inteligência” da motocicleta sugere o defeito no sensor, o reparador deve considerar a análise da peça em separado e também dar a máxima atenção ao circuito eletroeletrônico, uma falha nas conexões ou fiação pode ser convertida em código de defeito no painel da moto. Na maioria das motocicletas os diagnósticos podem ser realizados com o scanner do fabricante, porém o reparador deve certificar-se que o sensor está mesmo com defeito, do contrário a análise deve ser direcionada à motocicleta. 

Diagnóstico básico do sensor de temperatura do motor - Aqueça o sensor até a temperatura recomendada pelo fabricante da motocicleta, com um multímetro meça a resistência (Ω). Caso o valor obtido seja diferente do padrão do fabricante, substitua o sensor. Esse teste deve ser realizado com o máximo de cautela, há risco de queimadura, siga os passos recomendados pelo fabricante da motocicleta.

Análises da pinagem do módulo do motor e conectores

Cada pino do ECM/ECU corresponde a um ou mais elementos do sistema de injeção eletrônica, por isso devem ser inspecionados.

Nunca responsabilize um componente da motocicleta pelo mau funcionamento da injeção eletrônica antes de certificar-se que o defeito não está no ECM ou na comunicação entre o módulo e os demais sensores ou atuadores do sistema. Na fiação da motocicleta que segue entre o módulo do motor e o sensor deverá haver continuidade. 

Inspecione:

• Conector do ECM/ECU, com mau contato ou oxidado;
• Pinos do ECM/ECU, com mau contato ou oxidados;
• Conector do sensor de temperatura do óleo do motor, com mau contato ou oxidado;
• Fiação da motocicleta, fio quebrado ou com mau contato.

Ajuste do valor de aprendizagem e reinicialização do ECM

Caso haja a troca da ECU/ECM o reparador deve realizar um ajuste do “valor de aprendizagem”, ou seja, adequar a nova central eletrônica ao percentual de álcool no tanque de combustível.  A falta do ajuste pode ocasionar dificuldades na partida e alterar o desempenho da motocicleta, a dica deve ser aplicada em alguns modelos  Flex da Yamaha. 

Na Titan/Bros 150 sempre que substituir algum componente do sistema de injeção eletrônica será necessário fazer a reinicialização do ECM. 

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