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Caminhão Mercedes Benz modelo 1933 LS, ano 1988 equipado com novo motor

Carinhosamente chamado de Terezona, o caminhão Mercedes Benz 1933 LS fez muito sucesso na sua época e encontrar um modelo desse ainda rodando chama atenção pelo ronco exclusivo do motor Scania 113

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Por Antonio Gaspar de Oliveira


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Para quem gosta de verdade de motores, não importa se é de moto, carro ou caminhão, cada um deles tem o que chamamos de ronco personalizado, ou seja, só aquele modelo tem um ronco específico e não precisa olhar, pois só de ouvir já é possível saber qual veículo está passando.

Tudo isso seria tranquilo até que alguém que viu o motor do seu caminhão parar de funcionar e não compensava fazer a retífica completa pelo custo elevado dos serviços de usinagem na retífica, peças de qualidade e mão de obra para abrir e fechar o motor.

Diante desta situação, surgiu a grande ideia de remover o motor Mercedes OM-355/6 LA e instalar outro motor, mas não era qualquer motor, pois estamos falando de instalar um motor do Scania 113 de 11 litros com 360 cavalos para revitalizar a Terezona.

Com o motor Scania escolhido, restava a etapa de instalação, mas mantendo o mesmo câmbio do caminhão Mercedes.

Superando as dificuldades da instalação em um espaço que não foi projetado para um motor Scania de 11 litros, foi possível fixar o motor no chassi e no câmbio Mercedes, fazendo alguns ajustes e adaptações.

Antes de instalar o motor completo, ele foi revisado, a bomba injetora em linha também passou por uma boa revisão para garantir o funcionamento correto do novo conjunto composto pelo motor Scania e o câmbio Mercedes.

Com tudo funcionando, só faltava colocar a nova Terezona para trabalhar nas estradas puxando uma carreta de três eixos e foi em uma desta viagens que este caminhão parou para abastecer em um posto na rodovia Castelo Branco, perto de Sorocaba no estado de São Paulo. 

Quando o motorista ligou o motor, foi possível perceber que tinha alguma coisa diferente naquele caminhão Mercedes Benz, porque o ronco não combinava com aquele modelo, pois quem conhece o Scania 113, sabe de longe só pelo ronco do motor.

Como a curiosidade não tem limites, foi fácil tomar a decisão de ir até o caminhão Mercedes 1933 LS, ano 1988 e perguntar para o motorista o que estava escondido debaixo do capô daquele caminhão.

Depois de um sorriso, o motorista já foi dizendo que ali debaixo do capô tinha uma obra de arte da Scania que marcou época, só que agora estava rodando em um caminhão Mercedes Benz, era o famoso e muito bem conhecido motor de 11 litros da Scania que equipa os modelos da família 113.

Novamente, como a curiosidade não tem limites, foi só pedir para o motorista abrir o capô da Terezona e lá estava o motor Scania 113 funcionando como um relógio.

Este motor, além ser considerado um dos melhores fabricados pela Scania, tem um desenho clássico e para quem conhece um pouco da história do desenvolvimento dele, vai perceber logo na primeira vista que o cabeçote é dividido em dois, com três cilindros cada um. 

Outros componentes que também chamam a atenção são o coletor de escape com a turbina que vai pressurizar o ar filtrado, que é forçado para perder calor no intercooler e depois retornar mais frio e sob pressão para o coletor de admissão, do outro lado do bloco do motor. 

Logo abaixo do coletor de escape, está a bomba injetora mecânica em linha com os tubos que alimentam os seis cilindros do motor DSC11, o controle fica na parte da frente e pela posição que está instalado ao lado do bloco do motor o seu acionamento é feito por um eixo movido pelas engrenagens. A pressão de trabalho dos seis bicos injetores atinge 265 bares, no momento da abertura e injeção, que é o suficiente para atender às condições ideais de funcionamento deste tipo de motor. 

Mesmo com tantos caminhões modernos rodando pelas estradas, ainda existe um grande respeito pelos caminhões mais velhos e quando está bem conservado e andando junto com os mais novos, logo os motoristas já suspeitam que aquele modelo resolveu o problema de motor cansado. 

Isso aumenta ainda mais o interesse de conhecer o caminhão antigo, que anda carregado e mantendo a velocidade normal permitida na estrada e se for um Mercedes com cabine alongada, modelo AGL, no qual o motor não é mais o passageiro e que fica do lado de fora do compartimento da cabine, deixando o barulho e a temperatura do motor isolado do motorista.

A cabine AGL foi lançada em 1964 no modelo L-1111, primeiro da série com esta cabine semiavançada, que permaneceu firme por mais de 20 anos e a Terezona faz parte deste clássico momento vivido no setor de transporte.

Por isso que estes modelos bem conservados e ainda mantendo a máscara negra composta pela grade frontal despertam e preservam o carinho por um modelo de caminhão que marcou bem a sua época.

O caminhão LS-1933 (Terezona) chegou no mercado em 1986 e teve uma curta duração, ficando até o final de 1987, o que o tornou mais raro de se ver atualmente pelo baixo número de caminhões produzidos neste curto período.

Vale lembrar que o modelo anterior, que foi o LS-1932, foi lançado em 1985 e marcou o início de uma série de caminhões com cabine melhorada e o novo capô com formato ampliado e mais quadrado, equipado com entradas de ar laterais, além do novo para-choque e lanternas do pisca montadas nas laterais, próximos dos quatro faróis pequenos e retangulares.

Nesta sequência de lançamentos, o LS-1934 foi o último da série dos caminhões pesados com cabine AGL da Mercedes-Benz aqui no Brasil.

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