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Ar-condicionado instalado no fusca da década de 70 esfria melhor que muitos carros modernos

Pelas letras do chassi BS, B significa que foi fabricado no Brasil e S significa que tem motor 1.500 e foi produzido de julho de 1970 a agosto de 1975 e na época, alguns modelos saiam só com ar quente

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Por Antônio Gaspar de Oliveira


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Pela simplicidade do projeto do Fusca e durante a sua evolução, o conforto e segurança não foram levados em consideração, mas nos países de clima frio era necessário ter no mínimo um aquecimento e os engenheiros da época conseguiram fazer algo extraordinário, aproveitando o sistema que refrigera o motor.

Uma ventoinha montada na parte traseira do eixo do alternador/dínamo é acionada mecanicamente através de uma correia tracionada pela polia do virabrequim.

O ar forçado passa pelo radiador de óleo do motor, passa pelas aletas de refrigeração dos cabeçotes e também pode ser aproveitado para aquecer o interior do carro. 

O sistema é otimizado usando uma mufla que pode causar problemas quando o seu sistema interno se danifica. Por dentro da mufla passa o ar forçado pela ventoinha que é aquecido pelos gases do escapamento, que passam por um tubo instalado dentro da mufla e saem pelo abafador do escapamento. 

Existe até um sistema de controle do ar quente através de cabos que acionam um mecanismo instalado na mufla para abrir ou fechar a passagem de ar quente, mas para que tudo isso funcione, é preciso que todas as chapas de vedação estejam instaladas e que as mangueiras flexíveis também estejam bem fixadas e sem vazamentos. 

O ar quente é direcionado para o interior do carro e tem saídas para os passageiros do banco traseiro e para os ocupantes dos bancos da frente, tem saídas na base da coluna da porta próximo ao pedal da embreagem e também sai ar quente pelo painel.

O Fusca pode ser considerado o primeiro carro global, pois foi fabricado ou exportado para muitos países e justamente em regiões de clima quente, a necessidade foi outra, a instalação do ar-condicionado.

Para justificar esta matéria, foi preciso que um amante de carros como o Fusca tivesse uma ideia fora do comum, dar um exemplar de presente para a sua filha, mas não bastava que o carro estivesse todo reformado com pintura e pneus novos, além da mecânica impecável, também tinha que ter algo especial para garantir um melhor conforto que foi a instalação do ar-condicionado.

Não há como negar que ao chegar na oficina de ar-condicionado e ver um Fusca, já chama a atenção porque podemos imaginar qualquer carro, menos o Fusca recebendo a instalação de um sistema de ar-condicionado. 

Tudo tem que ser adaptado e preparado para instalar os componentes do sistema, mas já é possível encontrar no mercado alguns kits específicos para este carro. A instalação começa de trás para frente porque o motor está na parte traseira do carro e é lá que o suporte do compressor será montado.

Mesmo com o kit específico para este tipo de carro, algumas adaptações terão que ser feitas para o encaixe adequado do suporte e do compressor. Algumas peças originais têm que ser modificadas como a troca do parafuso que prende a polia no virabrequim. O novo parafuso é mais comprido porque serão duas polias instaladas no mesmo local. 

O encaixe do suporte do compressor precisa de mais espaço e o tubo aquecedor do coletor de admissão do lado esquerdo tem que ser cortado e sua extremidade deve ser soldada, o certo seria fazer um desvio.

Neste momento de instalação do compressor, é muito importante verificar o alinhamento da polia para que fique paralela com a nova polia do virabrequim. 

Seguindo com as adaptações, furos na carroceria devem ser feitos para a passagem das mangueiras, a de alta e a de baixa pressão que saem do compressor. 

As duas mangueiras seguem por baixo do assoalho do Fusca, onde são fixadas por abraçadeiras de metal com proteção de borracha que vem no kit de instalação.

Neste caso, a mangueira de alta pressão foi fixada do lado direito do assoalho, saindo do compressor, passa pelo condensador que foi montado por baixo do carro, na direção do estepe, onde duas ventoinhas fazem a troca de calor e a mangueira de alta pressão que sai do condensador é conectada ao filtro secador, passa por mais um furo na carroceria, vai até a caixa de ar, em que  há a válvula de expansão e o evaporador, retorna pelo furo feito na carroceria e segue pelo lado esquerdo do assoalho até chegar no compressor, completando o ciclo. 

Dentro do carro foi instalada a caixa de ar fixada sob o painel, passando pela coluna da direção onde faz uma pequena curvatura, possui quatro janelas de ventilação, sendo uma do lado esquerdo da direção, outra do lado direito e duas na direção do porta-luvas. No centro estão os dois botões de controle, sendo o da esquerda para controle da velocidade da ventilação que vai de 1 a 3. Do lado direito está o botão de controle de temperatura de mínima à máxima. 

Toda a parte elétrica já vem na forma de chicote com os relés e fusíveis já montados e foram fixados próximo à caixa de fusíveis no bagageiro, que no Fusca fica na parte da frente do carro. 

Terminada a instalação, que foi bem trabalhosa, o sistema foi abastecido com 700+/-50 gramas de gás refrigerante R 134 e com a quantidade necessária de óleo PAG.

Chegou o momento da expectativa de ligar e transformar o interior do Fusca em uma geladeira. Esta frase faz sentido porque a temperatura atingida superou a de muitos carros modernos, sejam nacionais ou importados, a menor temperatura atingida foi 3,1 graus. 

Parabéns para o Fusca, para o instalador e para o kit que vem com componentes de qualidade.

Talvez os ocupantes do Fusca com o ar-condicionado ligado terão que usar agasalho.

Apenas para complementar, este Fusca não tem ar quente.

O ar-condicionado proporciona conforto, mas faz aumentar o consumo de combustível e reduz a disponibilidade de potência do motor. 

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