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Jeep Renegade Longitude 2.0 Turbo tem robustez de tanque e manda bem na reparabilidade e manutenção

Os reparadores independentes encontram razões de sobra para justificar porque o Renegade, ao menos em sua versão turbodiesel, foi o utilitário esportivo compacto campeão de vendas em 2019: motor forte, transmissão confiável e excelente dirigibilidade

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Por Antônio Edson


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Jeep. Nenhuma outra marca tem tanta história. Como sabem os apaixonados por carros, seu projeto foi desenvolvido a pedido do governo dos Estados Unidos que, só após sofrerem o ataque japonês à base de Pearl Harbor, no Havaí, em 1941, juntou-se aos Aliados (França, Inglaterra e a então URSS) para combater o Eixo (Alemanha, Itália e Japão). O Tio Sam precisava de um veículo com menos de 590 kg, tração 4x4, 11,7 kgfm de torque, distância entre eixos não superior a 191 cm, para-brisa rebatível e capaz de levar três soldados e 300 kg de carga. Ou seja, um carro para ir ao front, vencer e voltar. Entre 135 propostas apresentadas as escolhidas foram as da Bantam, Ford e Willys-Overland.

Testes de campo deram a vitória ao projeto mais barato e de melhor reparabilidade, o da Willys-Overland. Mas como esta fábrica não daria conta da demanda ela se uniu à Ford para, enfim, produzir o Ford GPW– o W era de Willys e o GP, de General Purpose, ou uso geral, que acabou na corruptela Jeep, resultado da pronúncia das duas letras.

No Brasil, a fusão entre Willys e Ford veio no pós-guerra. Uma subsidiária da Willys-Overland foi criada em 1952, em São Bernardo do Campo (SP), para produzir o Jeep com tração 4x4 e 4x2. Em 1967, a Ford assumiu o controle da fábrica e produziu o carrinho até 1983. Por mais de 30 anos o País não teve nenhum Jeep nacional até que, em 2015, sob o comando da FCA – Fiat Chrysler Automobiles –, a marca voltou a circular com o Renegade produzido em Goiana (PE). Certos fenótipos deste modelo não deixam dúvida sobre sua ascendência: a grade frontal de sete barras verticais – identidade global da marca – e os faróis tipo olho de boi.

Também fabricado em Melfi (Itália) e Guangzhou (China), o utilitário esportivo roda hoje em mais de 100 países. E com sucesso. No Brasil, ele reposicionou a marca entre as líderes. Em 2019, aqui, ele foi o SUV mais vendido com 68.737 unidades e ficou em 10º lugar no ranking geral.

Mesmo com todo o sucesso, o Renegade não escapou, no ano passado, de um facelift, típico dos veículos já com meia vida. As sete fendas da grade frontal ficaram mais baixas e largas e o criticado porta-malas ganhou mais espaço. Foi justamente um desses novos modelos, um Jeep Renegade Longitude 2.0 Turbo, 2019-2020, com cerca de 2.300 km, oferecido por R$ 134.990,00 em suas concessionárias, que a FCA cedeu ao Mala Direta Oficina Brasil para ser examinado por um time gabaritado de reparadores independentes:

Jorge Von Simson, . Localizada há mais de 20 anos na rua Henrique Schaumann 1152, em Pinheiros, um dos pontos nobres da capital paulista, a Autovila Bosch Car Service pretende, este ano, investir no atendimento a veículos híbridos e elétricos. “A ideia é isolar uma área da oficina onde só o pessoal treinado tenha acesso, pois o risco de acidente é real, exigindo o uso de material isolante como luvas.

Uma nova capacitação técnica será indispensável”, adianta Jorge, que fundou a Autovila no final dos anos 1990. Com 51 anos, 25 deles voltados à reparação, ele começou sua vida profissional em uma concessionária Chevrolet e com uma sólida formação técnica: cursos no Senai, em diversas montadoras e um estágio de um ano na Bosch alemã. “Lá me capacitei em eletrônica embarcada antes dos carros com injeção chegarem ao Brasil”, relembra o empresário.

Paulo Rogério de Oliveira, Há mais de 40 anos em São Paulo (SP), Paulo Rogério, paraibano de Sousa, 52 anos, não demorou a pegar gosto pela profissão. Ainda adolescente, conseguiu um trabalho em oficina mecânica como ajudante, lavando peças e varrendo o chão, e menos de dois anos depois “consertava até câmbio”. A transmissão, aliás, é uma das suas paixões, a ponto de levá-lo a um curso de capacitação na Aptta Brasil, em São Caetano do Sul (SP). Atualmente Paulo dedica especial devoção aos osciloscópios, que “possibilitam chegar a um diagnóstico preciso sem desmontar nada”. Ele chegou a ter oito desses aparelhos e hoje tem “apenas” quatro. “Podem me chamar de o Maníaco do Osciloscópio, não acho ruim”, brinca. Sua oficina, a Auto Mecânica Pará, funciona à Rua Orlando Pinto Saraiva 157, no Jardim Jaçanã, zona norte da capital.

Glauco Adriano Biscaro, Jacson Xavier e Leandro de Moraes. Há quase dois anos sob a gestão de Glauco Adriano e de seu sócio Sérgio Hassimoto, a Gentil Bosch Car Service, localizada na Avenida Gentil de Moura 379, no bairro do Ipiranga, em São Paulo (SP), ganhou um leiaute diferente. “Mexemos na fachada, revestimos o piso com epóxi, melhoramos a iluminação e aplicamos nova pintura interna.

O resultado foi um ambiente mais arejado e agradável, que passa a sensação de amplidão”, descreve Glauco Biscaro, 47 anos, e que desde os 13 trabalha como reparador. Entre seus colaboradores estão Jacson Xavier, 29 anos e 17 de profissão, e Leandro de Moraes, 39 anos e há 26 na área.

PRIMEIRAS IMPRESSÕES

Os retoques realizados em 2019, no Renegade, foram sutis, mas funcionais. O para-choque dianteiro agora oferece maior ângulo de entrada  de 27º a 30º, para permitir ao Jeep entrar e sair de garagens e superar valetas e lombadas sem sua frente raspar no chão. Os 20 cm de vão de solo nas versões diesel o ajudam a passar pela maioria dos obstáculos. A grade frontal foi redesenhada e algumas versões, como Longitude, receberam faróis  com LEDs e luzes de rodagem diurna em forma de argola.

O interior manteve o painel com revestimento emborrachado. Os 2.570 mm de distância entre-eixos não é dos maiores, mas garantem certa folga a quem vai atrás. O porta-malas, antes criticada por seu espaço, ganhou 47 litros e passou a 320 litros com a adoção de um estepe  mais fino – a versão Trailhawk mantém o original. A central multimídia agora tem tela de 8,4” – veja mais detalhes do item Elétrica, Eletrônica e Conectividade.

“O interior mantém o revestimento soft do painel e os bancos de couro. A ergonomia do cockpit merece nota 10”, atribui Glauco Biscaro. “A gente nota várias referências ao ícone da Jeep, os faróis olho de boi e as sete fendas da grade, em várias peças. O porta-malas está mais espaçoso, suficiente para uma família de quatro pessoas viajar. O design merece nota 10”, comenta Paulo Rogério. “Não me sinto apertado no cockpit, mas esse poderia ser mais espaçoso. A coluna C  deveria ser menos larga para diminuir o ponto cego. Achei interessante o design do Renegade, ao mesmo tempo quadradão e com cantos arredondados. Seus projetistas chegaram perto da quadratura do círculo. É um estilo que agrada ao brasileiro”, define Jorge Von Simson.

AO VOLANTE

Delete da memória o desempenho manco da versão Longitude 1.8 do Renegade testada pelo Mala Direta Oficina Brasil na edição de maio de 2019. Onde, na época, se lia “não arranca suspiros. Isso porque o motor E.torQ 1.8 sofre um pouco para romper a inércia de um veículo com 1,5 tonelada”, leia-se, aqui, uma performance digna de um pequeno tanque de guerra, com muito torque nas baixas rotações e uma inegável força de arranque e de retomada de velocidade devido ao motor turbodiesel Multijet 2 – confira detalhes no item Motor – do Renegade Longitude 2.0 Turbo.

Completam a boa impressão uma incomum suspensão MacPherson nas quatro rodas, detalhada no item Suspensão, freio e direção, e uma tração integral com transmissão de nove velocidades – veja mais à frente em Transmissão. Com um rodar firme e confortável, o Jeep passa a segurança de um veículo que, sem favor, recebeu cinco estrelas no Latin Ncap.

Testando o Renegade no cenário mais real possível em termos de Brasil, a periferia da zona norte da cidade de São Paulo com suas vias esburacadas e topografia cheia de aclives e declives, Paulo Rogério assegurou: “O carro tem torque na baixa rotação e corresponde nas arrancadas e retomadas.

É silencioso, tem boa manobrabilidade e não faz caso dos buracos. É até macio, absorve bem os defeitos do piso e o volante esterça bastante e com leveza. O carro não pula e é sempre firme com as quatro rodas no chão. Para não dizer que é perfeito o ponto cego na coluna A  atrapalha um pouco, mas por mim está aprovadíssimo”.

Em outra realidade, na zona oeste da cidade e sob um piso menos irregular, Jorge Von Simson destacou a maciez do Jeep. “Tem muito carro de passeio mais duro”, comparou. “Não é um SUV grandalhão e tem boa manobrabilidade no trânsito urbano. Concordo com o ponto cego da coluna A, mas em compensação os retrovisores externos são enormes , o que melhora a visibilidade”, considera.

Jacson Xavier e Leandro de Moraes tiveram o privilégio de acelerar o Renegade na Via Anchieta, onde o Jeep mostrou sua plenitude. “Covardia compará-lo com a versão flex 1.8. O motor turbodiesel entrega torque total por volta dos 1.700 giros e vai embora. A transmissão de nove marchas é silenciosa e as borboletas , na estrada, proporcionam um comportamento esportivo sem prejuízo da segurança. A suspensão se comporta bem e o computador de bordo passa informações em tempo real do desempenho e consumo . Mas o melhor é a resposta imediata do motor. Aprovado”, sentencia Jacson.

MOTOR

O responsável por essa aprovação é o propulsor Multijet 2  “made in Italy”, desenvolvido pela Fiat Powertrain Technologies (FPT) em parceria com a General Motors e que também está no Fiat Toro Diesel, Jeep Renegade e nos Alfa Romeo 159 e Brera. Seu bloco é em ferro fundido com cilindros integrados, sem sub-bloco e com a árvore de manivela apoiada por mancais individuais. A injeção direta eletrônica – a EDC17 C69 – do tipo Common Rail  leva a assinatura da Bosch alemã e conta com um acumulador de alta pressão de 1.600 bars com capacidade para até oito injeções múltiplas por ciclo de combustão. Alimentado por um turbocompressor  de geometria variável (VGT), o propulsor de 1.956 cm³ e 16 válvulas entrega 170 cavalos de potência a 3.750 rpm e um torque de 35,7 kgfm a 1.750 rpm.

O MultiJet 2 vem equipado com um conjunto BSU ou de eixos contrarrotantes para eliminação de vibrações, o que justifica seu funcionamento manso, embora potente. O diâmetro de cada um de seus quatro cilindros em linha é de 83 mm e o curso dos pistões, 90,4 mm.

Sua taxa de compressão é de 16,5:1. Os tuchos são hidráulicos e o comando de válvulas é duplo no cabeçote de alumínio, que vem com correia dentada. De acordo com sua ficha técnica, o Jeep vai de zero a 100 k/h em 9,9 segundos e rende 11,5 km/l em circuito rodoviário e 9,4 km/l em circuito urbano.

Pesando 1.641 quilos, o Renegade Longitude 2.0 Turbo é 250 quilos mais pesado do que a versão Sport com motor 1.8 e câmbio manual (1.393 quilos) e tal diferença deve-se ao powertrain. Mas o peso extra não se traduz em dificuldade para os reparadores. “O motor turbodiesel é mais pesado, mas relativamente descomplicado, pois dispensa a parte da ignição. Já a injeção direta leva uma bomba eletrônica que potencializa a pressão do combustível e dispensou as peças mecânicas”, descreve Jorge Von Simson, para quem a montadora ainda não substituiu a correia dentada  por corrente metálica por razões comerciais. “De certo para não elevar custos de produção. Apesar disso o motor tem boa reparabilidade. Já fizemos aqui, preventivamente, a troca de sua correia e o procedimento foi tranquilo”, complementa.

Uma novidade do motor, segundo Paulo Rogério, são suas três redes CAN (Controller Area Network) que substituem vários fios por apenas dois, que transmitem os dados enviados aos módulos. “Onde antes poderia haver 60 desses fios temos poucos e com melhor desempenho.

Outro benefício do motor é cumprir as regras do Euro 6”, garante o reparador. Vigente na Comunidade Europeia desde 2014, o programa Euro 6 prevê redução de 72% na emissão de hidrocarbonetos e estabelece o limite de 0,09 gramas de emissão para cada cavalo de potência, por hora de funcionamento do motor.

“Sua reparabilidade tem pontos positivos como a posição elevada do módulo da injeção . Aqui, se der um problema no chicote é fácil desconectar o pente do modulo e testar a pinagem. Acessar o módulo do ABS , perto da parede corta fogo, exigirá a retirada da bateria, nada muito complicado. A bomba de alta pressão também está fácil assim como o corpo de borboleta e a bomba de vácuo ”, aponta Glauco Biscaro. “Os bicos injetores estão acessíveis e o filtro de combustível igualmente visível. Basta tirar um refil e colocar outro”, pontua Paulo Rogério. Segundo ele, a reparabilidade do motor Multijet 2 só não ganha nota 10 devido ao alternador “meio escondido”.

TRANSMISSÃO

Como sua injeção, a caixa de transmissão do Renegade Longitude 2.0 Turbo tem tecnologia alemã. A ZF 948TE, também conhecida como ZF 9HP48, foi desenvolvida pela ZF Friedrichshafen AG. Apresentada em 2009 no Salão de Frankfurt, Alemanha, como a primeira transmissão automática do mundo com esse número de marchas fabricada para veículos compactos com tração dianteira e motores transversais, ela foi inicialmente utilizada, em 2013, no Land Rover Evoque. Hoje a caixa tem no grupo FCA seu principal cliente. Mais de três milhões da transmissão equipam os Jeep Cherokee, Renegade e Compass, os Chrysler 200 e Pacifica além dos Ram Promaster City e do Fiat 500x.

Por manter rotações mais baixas, a transmissão ZF 948TE diminui o consumo de combustível entre 10% e 16%. O pulo do gato está em sua capacidade de fazer o motor trabalhar em baixas rotações nas velocidades elevadas. Enquanto um veículo com câmbio de seis marchas, em velocidade de cruzeiro, trabalha a 2.600 giros, a ZF 948TE permite rodar à mesma velocidade com até 1.900 e com mudanças de marchas imperceptíveis. Isso é possível, dentre outras razões, devido ao seu sistema de aliviador de torque eletrônico e à dupla embreagem do tipo Clutch Dog, acopladas por interferência e não por atrito. Em seu interior, a caixa ainda leva um freio multidiscos, quatro conjuntos múltiplos de embreagem de disco e dois conjuntos de embreagem de cão. O conjunto de engrenagens é dividido em três seções; um conjunto de engrenagens dianteiro, outro médio e mais um traseiro.

Deve-se acrescentar a essas qualidades a possibilidade de acionar automaticamente a tração nas quatro rodas quando seu sistema percebe a necessidade – 4WD ou 4 Wheel Drive. O diferencial  é incorporado à caixa da transmissão e o grupo de redução é composto de coroa e pinhão com dentes cilíndricos helicoidais. Com isso, o Jeep tem tração 4x4 permanente e os recursos 4WD Low (primeira marcha reduzida), 4WD Lock (tração 4x4 permanente) e HDC (controle de descida). Há ainda o recurso Jeep Selec-Terrain, um seletor  que ajusta a dirigibilidade a vários tipos de piso: Auto; Snow (neve), que divide a tração para evitar saídas de traseira e evitar patinadas; e Sand (areia) e Mud (lama) quando os freios mudam seu comportamento e a tração é traseira. A versão Trailhawk do Renegade também oferece o modo Rock (Pedra). A proposta, segundo a montadora, é aprimorar a condução com tração em qualquer condição climática.

“A transmissão e a tração são eficientes e modernas. O cardã traz emendas com juntas deslizantes e um rolamento de apoio. O carro já sai na segunda marcha, pois a primeira, na prática a reduzida, é curta. Não há caixa de transferência. No asfalto normal, o carro trabalha em 4x2 com tração dianteira. Mas se o sistema detectar que uma roda tende a patinar ele traciona a traseira. Se pegar lama e houver patinação entre eixos traseiro e dianteiro ele vai travar o 4x4 Look e mandar força igual para as quatro rodas”, descreve Jorge Von Simson, que aprova a tecnologia. “Funciona bem, sem muita manutenção, aumenta a segurança e melhora a dirigibilidade. Mas é bom não se empolgar porque o carro é um 4x4 urbano e o condutor deve evitar atravessar lamaçais e riachos. A razão é o atuador do diferencial traseiro exposto. Ele é vedado, mas ainda sim de plástico”, aponta.

SUSPENSÃO, FREIO E DIREÇÃO

Como os Jeep Compass e o Fiat Toro, o Renegade é montado sobre a plataforma Small Wide 4x4 derivada da plataforma Small introduzida em 2005 no Fiat Grande Punto e, então, usada no Opel Corsa, quando carros da montadora italiana compartilhavam peças com os da GM. Na Europa, uma de suas variantes, a Wheel Base, está na minivan Fiat 500L e na família Tipo. Mas uma peculiaridade do Renegade, que tem estrutura monobloco, é utilizar suspensão independente MacPherson à frente e atrás, que justifica sua estabilidade sobre pisos irregulares. Na dianteira, a suspensão traz braços oscilantes inferiores com geometria triangular e barra estabilizadora. Atrás, também com barra estabilizadora, a suspensão apresenta links transversais  laterais, amortecedores hidráulicos e pressurizados, com molas longitudinais. A caixa da direção tem assistência com motor elétrico na coluna e os freios são a discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira.

“O filtro de partículas do combustível está situado junto ao catalisador e que, após certo tempo, deve ser retirado e limpo. Já o cárter do motor é revestido de termotape, material que isola o calor, evitando que ele passe às outras partes. Para a troca da correia polivê  será preciso, antes, remover o para barro. As longarinas  que vem da alma do parachoque e se fixam no quadro  pequeno, porém de aparência robusta, reforçam a estrutura frontal do veículo, mas precisam ser retiradas se quisermos chegar ao compressor do ar condicionado  ou trocar uma bandeja . Mais fácil de manejar é o cubo da roda parafusada à manga de eixo. Igualmente o terminal da direção  oferece razoável espaço para trabalhar”, descrevem Jacson Xavier e Leandro de Moraes.

Inspecionando o Renegade sob o elevador, Paulo Rogério não viu nada complicado. “Para desmontar a manga de eixo temos apenas três ou quatro parafusos, bem simples. O terminal da direção é um pouco fino, podem entortar facilmente, mas talvez isso aconteça em função da segurança, pois se entortarem induzem o motorista à manutenção. O semieixo reforçado, com junta homocinética grande, suporta bem o peso e o torque do carro. Atrás, temos barra estabilizadora e um braço tensor de apoio que trabalha na longitudinal. Essa suspensão MacPherson atrás tem a vantagem de usar menos buchas do que uma multilink. O quadro traseiro  é bem feito e com buchas robustas. Também gostei do freio elétrico de estacionamento ”, detalha o reparador

“De fato, a suspensão MacPherson, atrás, exige menos peças. Mas a vantagem da multilink sobre a MacPherson são seus ângulos que funcionam um pouco melhor e deixam as rodas traseiras sempre paralelas ao carro e perpendiculares ao solo. Ao mesmo tempo, a MacPherson ocupa mais espaço, o que talvez explique o motivo de o porta-malas do Renegade não ser dos maiores”, explica Jorge Von Simson, que deu nota 10 ao escapamento  feito em inox.

ELÉTRICA, ELETRÔNICA E CONECTIVIDADE

Como era de se esperar, esse é o item em que o Renegade Longitude 2.0 Turbo mais se distancia de seu ancestral Ford GPW. A começar pela direção elétrica bem calibrada e pelo freio elétrico de estacionamento, inimagináveis nos anos 1940, assim como os indispensáveis controles automáticos de tração e de estabilidade. A versão Longitude do Renegade agora também sai de fábrica com uma central multimidia com tela de 8,4 polegadas compatível com o Android Auto e Apple CarPlay e sistema de áudio premium de seis alto-falantes e Bluetooth. O banco de trás têm uma saída USB, mas fica devendo uma saída para o ar condicionado. Outra dívida do Jeep é fornecer apenas airbags frontais e disponibilizar airbags de cortina e laterais só como opcionais.

PEÇAS DE REPOSIÇÃO

Como o Renegade compartilha o motor com o Compass e o Fiat Toro há componentes em comum entre os veículos, o que facilita a obtenção de vários deles. “As peças comuns são fáceis de encontrar em concessionarias da Fiat e a dificuldade se restringe às especificas, como um painel ou uma lanterna, só disponíveis em concessionarias da Jeep. No último trabalho que fizemos em Jeep obtivemos algumas peças para pronta entrega em concessionarias da Fiat e com um desconto entre 15 e 20%”, recorda Glauco Biscaro. “Entre os distribuidores independentes”, afirma o reparador, “as peças de desgaste e de alto giro, como pastilhas, embreagem e amortecedores, saem mais em conta”.

“O desconto oferecido aos reparadores nas concessionarias Fiat ou Jeep poderia ser maior e, embora a oferta no mercado independente esteja crescendo, falta muito para satisfazer a demanda. O prazo dado pelas autorizadas, de quatro ou cinco dias para o envio de peças mais especificas, como farol, lanterna e tubo de combustível, também deveria ser menor”, entende Jorge Von Simson, que, por ser representante Bosch, tem mais facilidade de encontrar as peças fabricadas por este fornecedor. “As pastilhas de freio em cerâmica atualmente produzidas pela Bosch têm alto desempenho e não apresentam chiado. Boa parte dos componentes eletrônicos do carro igualmente é fornecida por ela”, argumenta o reparador.

“O desconto oferecido pelas concessionárias Fiat ou Jeep já foi maior, mas ainda é razoável, entre 15 e 20%”, confirma Paulo Rogério, que também considera longo demais o prazo dado pelas concessionárias, de uma semana a 10 dias, para o envio de algumas peças especificas. “Apesar disso, não abro mão da qualidade e da segurança oferecidas pelas peças originais no caso, por exemplo, dos amortecedores, difíceis de encontrar no mercado independente”, completa o reparador, que encontra preço e qualidade fora das concessionárias no caso de pastilhas, discos, pivôs, óleos, fluidos e filtros.

INFORMAÇÕES TÉCNICAS

“A busca por informações técnicas é uma luta sem trégua para os reparadores. Estamos sempre correndo atrás de várias fontes simultaneamente”, resume Paulo Rogério, que tem entre suas fontes a página do Reparador Fiat – https://reparador.fiat.com.br – quando precisa pesquisar algo relativo às versões do Renegade equipados com os motores E.torQ. Paulo Rogério ainda conta com o suporte do Grupo Técnico de Oficinas, o GTO, do qual faz parte, de enciclopédias automotivas e tem nos osciloscópios uma ferramenta indispensável para chegar a diagnósticos precisos. “É necessário investir mais em diagnósticos não invasivos, por imagem, pois ele preserva o veículo e economiza tempo e mão de obra”, indica.

Como representantes da Bosch, Jorge Von Simson e Glauco Biscaro, contam com seu suporte técnico. “Quando se trata de algum problema do sistema de injeção do Renegade estou tranquilo, pois é produzido pela Bosch e temos meios próprios de obter as informações para o reparo. Mas quando é o caso de intervir na transmissão, ABS e sistema de partida sem chave dos veículos da linha Chrysler, Dodge e Ram, incluindo os Jeeps importados, que exigem um software mais específico, terceirizamos o procedimento. Porque não vale a pena investir uma pequena fortuna em um scanner que, na prática, é pouco usado”, admite Jorge, que também recorre à network e a seus contatos nas concessionárias quando precisa de uma informação técnica mais precisa.

Glauco Biscaro, cujo sócio Sérgio Hassimoto é proprietário de outras duas oficinas em Santo André (SP), costuma consultar os colegas dessa pequena rede diante de alguma dúvida técnica. “Em um segundo momento recorremos à rede Bosch Car Service e até mesmo aos técnicos das concessionárias com as quais mantemos alguma parceria comercial. Mas é claro que, na medida do possível, tentamos usar nossos próprios meios. Assinamos mais de uma enciclopédia automotiva e nossos scanners são anualmente atualizados. Juntando uma informação ali e outra aqui sempre chegamos a um diagnóstico preciso. A prova é que, até agora, nenhum carro ficou parado em nossa oficina por falta de informação técnica”, assegura Glauco.

RECOMENDAÇÃO

O utilitário esportivo preferido pelos brasileiros também fez boa figura entre os reparadores independentes e, sem exceção, ganhou o status de “Recomendado”. Confira.

“Por tudo o que vi nesta avaliação e nos testes de pistas realizados, o Jeep Renegade Longitude Jeep 2.0 Turbo é recomendável. O carro tem motor e torque fortes, ótimas transmissão e dirigibilidade e é confortável. Quanto à manutenção não é carro para ficar parado na oficina por falta de peça e tem uma reparabilidade relativamente descomplicada, compatível com a sua motorização e a categoria de um veículo premium.”

Paulo Rogério de Oliveira, Auto Mecânica Pará

“Está aqui um carro rápido de oficina e sem concorrentes no segmento. Eu não conheço outro veículo nacional deste porte com motorização diesel. Mesmo sem ter com que compará-lo posso dizer que ele tem excelentes reparabilidade, suspensão, motorização e transmissão. A única ressalva é o pós-venda da linha Jeep, cujas peças têm um preço mais alto e algumas são encontradas apenas em suas concessionárias. Mas isso não impede que eu recomende o carro.”

Jorge Von Simson, Autovila Bosch Car Service

“Um veículo desses, usado, só recomendo se sua manutenção tiver sido feita em dia. Quanto ao novo não há restrição. Não é um carro que vai ficar parado na oficina por falta de peça ou de informação técnica. Sua reparabilidade é compatível com a de um motor diesel de um veículo premium. Se não é das mais simples está longe de ser complicada. É um carro confortável, bom de andar na cidade e na estrada.”

Glauco Adriano Biscaro, Gentil Centro Automotivo

Dados técnicos do motor, mecânica e medidas

Preço: R$ 134.990,00

Procedência: nacional

Garantia: 3 anos

Plataforma: Small Wide 4x4

Combustível: diesel 

Motor: dianteiro, transversal

Código do motor: Multijet 2

Cilindrada: 1.956 cm3

Aspiração: turbocompressor

Tuchos: hidráulicos

Número de cilindros: 4 em linha

Válvulas por cilindro: 4

Diâmetro dos cilindros: 83 mm

Curso dos pistões: 90,4 mm

Alimentação: injeção direta

Comando de válvulas: duplo no cabeçote, correia dentada

Taxa de compressão: 16,5:1

Potência máxima: 170 cv a 3.750 rpm

Potência específica: 86,91 cv/litro

Peso/potência: 9,65 kg/cv

Peso/torque: 45,97 kg/kgfm

Torque máx.: 35,7 kgfm a 1.750 rpm

Torque específico: 18,25 kgfm/litro

Velocidade máxima: 190 km/h

Aceleração: 0-100 km/h: 9,9 s

Transmissão: automático de 9 marchas

Código da transmissão: ZF 948TE

Tração: integral sob demanda

Direção: assistência elétrica

Suspensão: MacPherson (d/t) 

Freios: discos ventilados (d) e sólidos (t)

Porta-malas: 320 litros

Tanque: 60 litros

Peso: 1.641 kg

Altura: 1.722 mm

\Largura: 1.805 mm

Comprimento: 4.232 mm

Vão livre do solo: 200 mm

Distância entre-eixos: 2.570 mm

Pneus: 225/55 R18 (d/t)

Diâmetro de giro: 10,8 m

Bitolas: 1.550 mm (d)/1.552 mm (t)

 

Consumo      cidade          estrada

Diesel           9,4 km/l          11,5 km/l

Classificação na categoria: SUV compacto

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