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Aula 4: Baterias – cuidados com a utilização, manutenção, referências técnicas e testes

Na maioria das vezes é a própria bateria que avisa que está com problemas e isso pode acontecer em momentos de necessidade do uso do veículo, principalmente pela manhã, vamos entender como ela funciona

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Por Marcio Ferreira


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Durante o uso normal de uma bateria de chumbo ácido, acontece um fenômeno que é chamado de sulfatação das placas, este fenômeno é constituído pela formação de cristais de sulfato de chumbo provenientes do ácido sulfúrico da solução eletrolítica, isso prejudica a eficiência de cada placa para armazenar e fornecer a energia e com isso, prejudicando o desempenho da bateria e quanto mais sulfatada estiverem as placas, menor será a sua eficiência.

Essa sulfatação pode ser interna e/ou externa e também é conhecida como endurecimento das placas.

Fatores que contribuem para a sulfatação da bateria:

• Deixar a bateria descarregada ou com carga incompleta. 

• Utilizar a bateria em descargas profundas. 

• Não usar da bateria por 24 horas ou mais. 

• Baixo nível do eletrólito expondo as placas ao ar. 

• Completar o nível com solução, aumentando a proporção de ácido sulfúrico na mistura do eletrólito. 

• Sobrecarga frequente. 

• Altas temperaturas. 

Mas, nem tudo está perdido pois podemos fazer uma desulfatação da bateria e quando isso for bem-sucedido, a bateria retoma suas características podendo ser usada novamente. Alguns carregadores de última geração têm essa função incorporada, temos equipamentos específicos somente para este fim ou esquemas na internet para você mesmo fazer o seu.

Outro problema comumente encontrado é a formação do azinhavre, popularmente conhecido como zinabre, isto acontece pela ação do ácido sulfúrico, o oxigênio do ar e o metal do conector. Com o uso da bateria, o polo vai se tornando mais poroso ou também a vedação do polo com a caixa se torna ineficiente, deixando o ácido entrar em contato com o terminal e com a presença do oxigênio no ar atmosférico, se forma o azinhavre.

O azinhavre prejudica o contato do terminal com o polo da bateria, prejudicando o fluxo de energia e o carregamento completo dela, exigindo mais do gerador/alternador. A melhor forma de limpeza inicial é aquecer um pouco de água e derramar sobre o polo comprometido, depois retirar o terminal e verificar sua integridade. Se o terminal estiver com desgaste deverá ser substituído, se tiver íntegro, proceder com a limpeza completa do terminal e do polo da bateria, após essa limpeza proteger o polo com spray específico para este fim, para reduzir a formação de azinhavre novamente. 

Temos também os desgastes natural das placas,  há perda de material e com isso perdendo o espaço físico das placas, esse material se deposita em um espaço já previsto na parte inferior da bateria.

Vamos passar agora a entender quais são as referências técnicas de uma bateria. Temos a voltagem, a mais comum ainda é a de 12 volts, a amperagem, indicada na etiqueta em amperes hora, ou seja, é a corrente que uma bateria pode fornecer durante um período de tempo, se tomarmos como base uma bateria de 90 Ah e quando ela estiver totalmente carregada (12,6v), isso indica que ela pode fornecer 4,5 amperes por 20 horas ou 9 amperes por 10 horas, sempre a 25ºC, o CCA - sigla em inglês Cold Cranking Amps ou Corrente de Partida /

Arranque a Frio.É uma medida muito importante na bateria, pois quanto mais baixa estiver a temperatura onde o veículo se encontra, mais difícil será para colocá-lo em funcionamento e com a temperatura baixa, também será menos eficiente a reação química dentro da bateria, reduzindo o seu fornecimento de energia. Em meados de 2013, o Inmetro começou a certificar as marcas de baterias e elas começaram a vir com seu selo, essa é a segurança da garantia que elas foram normatizadas passando por processos de aprovação. 

No mundo há vários testes de CCA, mas o mais utilizado é o SAE J537, nesta norma a bateria deve estar completamente carregada, depois deve ser resfriada a uma temperatura de -18ºC durante 24 horas. Quando ela estiver em um estado de sub-congelamento, é aplicada uma corrente de descarga igual ao seu CCA por 30 segundos e a voltagem não pode ser menor do que 7,2 V em uma bateria de 12v por exemplo. 

Podemos então concluir que, quanto maior for o CCA de uma bateria, maior será a sua capacidade de proporcionar uma boa partida em qualquer temperatura.

Com o passar do tempo, a bateria vai perdendo a sua capacidade de reserva e juntamente o seu CCA, por isso é muito importante escolher uma boa marca de bateria na hora da troca, junto com isso, a manutenção preventiva do sistema de alimentação e ignição se torna essencial para que não haja problemas na hora da partida e funcionamento do veículo.

Para realizar o teste de CCA SAE J537 no nosso dia a dia, podemos usar equipamentos eletrônicos de baixo custo que nos dão uma boa informação do estado da bateria.

 

Temos informação da carga da bateria, do CCA e também de sua resistência interna que, quanto menor, melhor será o estado da bateria.

Existe também uma sigla chamada HC-Hot Cranking ou CA Amperes de Arranque, o procedimento de teste é o mesmo do CCA, mas a uma temperatura ambiente de 25ºC, com isso não podemos comparar uma bateria em que o CCA é de 600 amperes com uma em que o HC/CA é de 600 amperes, pois a bateria em que é feita o teste pelo processo CA a 25ºC  é mais fraca do que a bateria que foi feito o teste de CCA a -18oC.

Um outro fator de boa comparação entre as baterias é a sua reserva de capacidade, mas essa informação quase não vem mais nas etiquetas atualmente. Este teste é feito da seguinte forma: coloca-se uma bateria carregada a uma descarga de 25 amperes a 27ºC e veja quantos minutos esta bateria leva para chegar a 10,5 V, a bateria que levar o maior tempo, tem uma maior reserva de capacidade.

Cada vez mais os veículos vêm equipados com uma maior quantidade de equipamentos eletrônicos e estes em sua maioria precisam ser alimentados constantemente, chamamos isso de “standby” isso gera uma fuga de corrente da bateria que não pode exceder a porcentagem de 0,05% da capacidade de amperes hora da bateria.

Para se efetuar a carga de uma bateria levará de 12 a 16 horas quando se usa um carregador eletrônico que forneça esta carga em três estágios:

1. Corrente constante; 

2. Carga de pico;

3. Carga de flutuação.

Mas se for usar um carregador que não tem estas funções, deverá seguir uma regra básica de se usar uma amperagem igual a 10% dos amperes horas da bateria, ex. bateria de 90Ah carregar com 9 amperes seguindo a tabela a seguir: 

Até a próxima aula! 

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