Oficina Brasil


O aftermarket são as pessoas...

Quem acompanha o conteúdo da mala-direta OFICINA BRASIL conhece nossa obsessão por entender a dinâmica do mercado de reposição

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Por Cássio Hervé


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Quanto queremos estudar estudar algo, nada melhor que se se basear em dados e fatos para procurar conhecer, entender, mensurar a até prever os movimentos desta indústria.

Foi por isso que em 1999 criamos a CINAU – Central de Inteligência Automotiva, que nasceu com a missão de levantar dados da base geradora de demanda ou o “nascedouro” do consumo de peças e lubrificantes, que é a oficina mecânica.

Ao longo desses 21 anos de atividades da CINAU pudemos contribuir com muita informação que ajudou a todos que operam no segmento de reparação de veículos leves e comerciais leves a entender melhor como se forma a demanda que sustenta toda nossa cadeia (fabricantes, distribuidores, varejos, lojas, concessionárias, etc...).

Uma indústria de mais de 28 bilhões de reais por ano (considerando somente o consumo de peças mecânicas e lubrificantes) e este valor se forma de maneira “democrática” em aproximadamente 75 mil oficinas mecânicas, empresas na maioria de porte pequeno com uma média de 4 funcionários produtivos incluindo o proprietário. 

Por questões “históricas” facilmente entendidas quando estudamos os quase 100 anos do mercado de reposição a “força” sempre esteve concentrada na camada superior desta cadeia e concentrada nas mãos dos fabricantes e distribuidores.

Reservas de mercado, tecnologia,  restrições de importações, entre tantos outros fatores moldaram a visão dos líderes desta indústria numa perspectiva PUSH, ou seja, se cima para baixo, conferindo esta força as camadas superiores da cadeia.

Nesta ótica as oficinas ocuparam por décadas um segundo plano. Neste nosso comentário não pretendemos censurar as ações e percepções dos homens, líderes, empresários, associações, etc.. que moldaram esta indústria pujante, mas apenas registramos que a visão prevalente sempre foi “de cima para baixo”. 

Mas esta situação tem mudado e hoje já observamos novos modelos de negócios mais próximos das oficinas,  nos quais visivelmente o alto da pirâmide se volta para sua base, por uma questão de sobrevivência.  

Para nós da CINAU que nascemos estudando o mercado “de baixo para cima” a partir da ótica da oficina, enxergamos estas mudanças de forma positiva, pois quanto mais houver foco e atenção à oficina, mas eficiência nossa cadeia vai apresentar.

Afinal a peça certa, com a qualidade correta, na hora certa pelo preço justo faz a oficina (que move toda a indústria) trabalhar com mais eficiência.

Além da longa lista de estudos do comportamento da oficina desenvolvida pela CINAU ao longo desses 21 anos, recentemente e desafiados pela pandemia criamos, em parceria com a Fraga Inteligência Automotiva, o PULSO DO AFTERMARKET.

Uma experiencia arrojada em que juntamos o conhecimento dessas duas empresas para, no auge da crise em meados de maio, quando num cenário desolador sem poder imaginar o dia de amanhã, antevermos (com direito a representação gráfica) que os serviços nas oficinas estariam próximos ao patamar normal no início de julho, o que efetivamente se comprovou.

Também iniciamos, baseados em um modelo econométrico, a previsão de queda de nossa indústria para este ano de 2020.

Este indicador está sendo ajustado mensalmente em função do movimento real das oficinas e outros fatores que influenciam a demanda, como dificuldades de encontrar peças, ticket médio, inadimplência, etc...

Em relação a nossa projeção e controlando o movimento nas oficinas por meio do PULSO observamos que o mês de agosto estava apresentando uma realidade de movimento nas oficinas acima do previsto.

Bom para o aftermarket, porém, a explicação para isso ficou estampada na capa dos jornais e na imagem das televisões mostrando os congestionamentos gigantescos no final de semana prolongado pelo feriado do dia da independência.

As imagens falam por si e valem mais do que mil palavras e ao mesmo tempo nos levam a uma reflexão: o aftermarket são as pessoas. Pessoas, como os donos de carros que preferem os serviços das oficinas independentes e num momento desses de “quarentena” decidem maciçamente se lançar nas estradas com seus carros, que certamente necessitavam de manutenção para enfrentar a estrada e investiram uma grana sabe lá tirada de onde nesse momento de desemprego nunca visto. 

Pessoas como os donos de oficinas que souberam se reposicionar e buscar serviços durante a crise, enfim pessoas que por suas atitudes e comportamento contribuíram para que nossa indústria mais uma vez seja das primeiras a vencer a crise numa velocidade que está superando nossa projeção. 

 

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