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Citroën C3 AirCross: ao gosto brasileiro

O AirCross foi desenvolvido para o público brasileiro, que encontrou nos veículos aventureiros com pneus mais altos e maior vão livre uma boa escolha para enfrentar as lombadas, valetas e inúmeros buracos no asfalto

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Por Marco Antonio Silvério Junior


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O modelo é fabricado no Brasil, em Porto Real, RJ, sobre a plataforma do C3 hatch, porém há grande diferença nas medidas, principalmente no entre eixos, 8 cm maior, largura, 5,6 cm maior e no comprimento onde o AirCross é 43 cm maior.

As três versões oferecidas se distanciam por uma grande diferença de preço e itens disponíveis. A inicial GL custa a partir de R$ 54.350, porém a única pintura sólida disponível é branca e o kit com tapetes, barra transversal, capa rígida para o estepe e guarnição do para-choque custa mais R$ 2.500, ou seja, o AirCross com pintura metálica e o kit parte de R$ 57.850.

A versão GLX agrega bússola, inclinômetro, rádio mp3 e regulagem de altura do banco do motorista, que não está disponível nem como opcional na GL. O airbag duplo frontal também aparece como opcional a partir dessa versão, que com pintura metálica irá sair por R$ 61.650, quase o preço inicial da Exclusive, que completa mesmo, com airbags laterais, sistema de navegação, sensor de chuva, luminosidade e estacionamento, não sai por menos de R$ 70.550.

Powertrain
O C3 Picasso europeu já utiliza o motor desenvolvido em parceria com a BMW, aplicado também no Mini Cooper, além das versões Diesel, mas o AirCross conta apenas com a motorização 1.6l 16v, a mesma do C3 hatch, assim como a caixa de câmbio que teve a relação do diferencial encurtada em 15 % para compensar o peso extra.

A potência máxima permanece em 110/ 113 cv (gas/ etanol), porém a rotação onde acontece subiu para 5800 rpm, para dar um fôlego a mais nas trocas de marchas compensando o maior peso, cerca de 250 kg dependendo da versão. O acerto da injeção também mostra diferença ao examinar o torque, que perde 3 Nm em relação ao C3 hatch, são 142/ 155 (gas/ etanol) sendo que na gasolina acontece as 4000 rpm e no etanol às 4500 rpm.

O conjunto dá conta do recado, disponibiliza bom torque para o trânsito urbano e na estrada não deixa o motorista na mão na hora de fazer ultrapassagens, porém se mostrou um tanto ‘beberrão’ fazendo uma média de 6,5 km/l abastecido com etanol.

O sistema de injeção é o Bosch Motronic ME 7.4.9R que substitui o antigo ME 7.4.4, com a principal vantagem de ter na memória 17 possibilidades de reconhecimento da quantidade de etanol misturado ao combustível, começando em 20% até 100%, e a unidade faz esse ajuste em torno de um minuto.

Este sistema já atende também a norma OBDBr2 com dois sensores de oxigênio do tipo planar, que garantem aquecimento mais rápido e constante durante o funcionamento do motor, além de uma leitura mais rápida, que aliada a comunicação com scanner via CAN (e não via linha K como no antigo) permite um diagnóstico mais preciso dos parâmetros do sistema de injeção.

Reparabilidade

O reparador não terá vida fácil para efetuar reparos no AirCross. O espaço no cofre do motor é limitado, a impressão é de que está tudo amontoado, os bocais de abastecimento dos reservatórios de partida a frio, líquido de arrefecimento e água do limpador de pára-brisa estão colados uma ao outro no lado direito do cofre e até um serviço simples como a troca da correia poly ‘v’ demandará grande mão de obra.

Alguns componentes se escondem por baixo da caixa por onde o ar entra para a cabine, como o coletor de admissão, o TBI e até o reservatório de freio, que ficou com o bocal numa posição inclinada e com um péssimo acesso, onde até a retirada da tampa é difícil e só é possível fazer o abastecimento com um funil. Um sistema de travas para a tampa do filtro de ar também seria mais conveniente que os parafusos, principalmente na posição ingrata onde está a parte traseira da mesma.
 

Undercar
Mas outros pontos merecem elogios, como o espaço para uma chave do tipo torx no parafuso do terminal de direção que poupa tempo nas situações onde o parafuso gira junto com a porca. A direção elétrica do C3 não foi adotada no AirCross, que utiliza bomba hidráulica acionada pela correia.

A coxinização do escapamento é de ótima qualidade e possui cinta que impede a queda da peça em caso de quebra da borracha, já o material do escapamento não pareceu dos melhores, pois a corrosão já tomava conta do silencioso intermediário na unidade avaliada com apenas 6 mil km, situação que vem se repetindo em diversos veículos avaliados com motores Flex.

Talvez o local de produção, Rio de Janeiro,  tenha colaborado, mas outros componentes como as buchas de bandeja e semi-eixos também apresentavam oxidação acima do normal, (lembrou o Chery Tiggo) causando má impressão em relação a qualidade dos materiais utilizados. 

As suspensões do tipo McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira, ambas com barras estabilizadoras, estão com montagem caprichada, perebe-se preocupação nos detalhes, como nos batentes dos amortecedores, molas bem encapadas e chapas que evitam a necessidade de segurar as porcas ao soltar parafusos dos amortecedores e quadro de suspensão. O comportamento na estrada também agrada, a rolagem da carroceria é bem controlada, visto a altura e o vão livre do veículo.

Parabrisa acústico

O AirCross vem equipado com um para brisa fabricado pela Saint-Gobain Sekurit, que possui entre as lâminas de vidro, uma camada de polivinil butirol, material com propriedades que filtram os ruídos externos, como o barulho do atrito entre os pneus e o solo, ruído do motor, vento e até o dos pingos de chuva, elevando o nível de conforto ao rodar com todos os vidros fechados.

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